Transplante de medula óssea traz esperança a pacientes Márcio Luiz da Costa descobriu que estava com mielofibrose. Depois de fazer transplante e de enfrentar mais problemas de saúde, ele afirma ter renascido
Repórter
08/09/2008
O corretor de imóveis Márcio Luiz da Costa descobriu, aos 49 anos, que estava com mielofibrose, um distúrbio no qual o tecido fibroso pode substituir as células precursoras que produzem células sangüíneas normais na medula óssea, ou seja, "a medula começa a fibrosar e inibe a produção de glóbulos vermelhos"
, explica o corretor, de uma forma mais simples.
"Estava na rua e desmaiei. Pensei logo que era alguma coisa no coração. Fiz vários exames e não houve nenhuma evidência de problema cardiológico. Realizei outra bateria de exames que acusaram alto grau de anemia."
O índice de glóbulos vermelhos de Márcio eram 3.8, sendo que o normal é entre 13.0 e 18.0. "Não sentia nada. Fui internado para que os médicos pudessem fazer o diagnóstico da doença. Depois de 15 dias detectaram a mielofibrose."
Ele começou a fazer transfusão de sangue de 20 em 20 dias. Depois passou a ser toda semana. Até que o agente de imóveis precisou de um transplante de medula. "Vários parentes passaram por teste para verificar a compatibilidade. No primeiro momento ninguém era, nem meu filho. Já estava desesperado. Até que meu irmão o último a fazer, teve 100% de compatibilidade."
Para fazer a cirurgia, ele passou uma semana tomando 206 comprimidos por dia, preparando o organismo. "Jogava na boca igual confete."
O transplante aconteceu no dia 22 de junho - seis meses depois de detectada a doença - no Rio de Janeiro. Ele precisou ficar 30 dias no hospital.
"Tinha que esperar a manifestação da doença do enxerto, que são os efeitos colaterais do transplante. A patologia indica o desenvolvimento da medula do doador no organismo do receptor."
Ao sair do hospital, Márcio se hospedou numa casa no Rio de Janeiro. Ele precisava ainda tomar soro, fazer constantes exames de sangue, dentre outras medidas de avaliação do resultado da cirurgia.
Neste período, ele desenvolveu várias doenças. "Meu sistema imunológico estava muito baixo. Andava só de máscaras. Tive pneumonia, tuberculose e vários problemas de pele, como herpes e micose. Foi uma aventura"
, afirma com bom-humor.
Depois de passar por estes percalços, Márcio considera-se curado. "Já estou voltando ao normal. A minha hemoglobina já está dentro do quadro aceitável"
, comemora. Ele continua indo à capital carioca todo mês para checar a sua recuperação.
Em Juiz de Fora, ele vai ao médico toda semana também para fazer o acompanhamento. Após de um ano em casa, ele se prepara para voltar à rotina de trabalho. "Estou tendo uma nova oportunidade de vida. Renasci! Uma vida com uma qualidade de vida melhor!"
O corretor ainda precisa ter alguns cuidados. "Preciso me poupar. Todas as vacinas que tomei na infância foram zeradas. Posso pegar doenças, como catapora, sarampo, dentre outras. Vou me imunizar novamente."
Ele conta que quando ficou sabendo da doença, foi como se tivesse levado uma paulada. "O ser humano acha que é invunerável, que tudo só acontece com os outros. Quando é com você, o chão desaparece. Você começa a colocar em xeque alguns valores."
Para Márcio, o apoio da família e dos amigos foi essencial. "Se não fosse a união dos parentes e a presença de amigos, não agüentaria a barra, mas não se pode perder a esperança."
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