SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto afirmou nesta quinta-feira (11) que os bancos não têm perdido dinheiro por conta do crescimento da adesão do Pix no mercado brasileiro.
"Não é verdade que os bancos perdem dinheiro com o Pix", afirmou Campos Neto, durante participação no evento Febraban Tech, em São Paulo, organizado pela entidade que representa as instituições financeiras.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a adesão dos bancos aos manifestos em defesa da democracia, com o argumento de que a criação do Pix e uma eventual perda de receita por conta da ferramenta digital teria motivado as instituições financeiras a aderir ao movimento.
"Você pode ver, esse negócio de carta aos brasileiros, à democracia, os banqueiros estão patrocinando. É o Pix que eu dei paulada neles, os bancos digitais que nós facilitamos", disse o presidente a apoiadores no final de julho.
Segundo Campos Neto, a perda de receita com transferências sofrida pelos bancos com o Pix é compensada pela abertura de novas contas e pelo próprio aumento das transações dentro do sistema financeiro.
Além disso, a retirada de dinheiro físico de circulação com a evolução do Pix no mercado também contribui para que os bancos consigam reduzir suas despesas, acrescentou o presidente do BC.
"Nossa visão não é sobre quem está perdendo e quem está ganhando. O objetivo é que [os bancos] tenham um pedaço menor de uma torta muito maior. Isso já estamos vendo no sistema financeiro. A gente quer bancarizar, queremos competição com inclusão", disse Campos Neto, acrescentando que o BC deve publicar nos próximos meses um estudo que vai mostrar o impacto do desenvolvimento do Pix no mercado para as receitas dos bancos.
Ele afirmou também que a economia está caminhando para um processo de tokenização (em referência aos tokens, criptoativos com lastro em ativos reais) em escala global, e que está nos planos da autoridade monetária iniciar mais à frente uma integração das novas frentes de tecnologia lançadas nos últimos anos, como o Pix e o Open Finance.
"Estamos entrando em uma fase de tecnologia muito interessante, em que se começa a juntar os pedaços que estavam muito soltos."
Esse processo, afirmou, irá culminar no lançamento de uma moeda digital estruturada pelo próprio BC, que deve começar a circular no mercado em meados de 2023, de acordo com o cronograma da autarquia.
"As pessoas estão procurando por representações digitais de algo que tenha valor", disse Campos Neto. "Estamos caminhando de forma rápida para um mundo tokenizado."
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!