SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O mercado financeiro mundial encerrou esta quarta-feira (17) equilibrando-se entre a segurança do dólar e o risco dos mercados de ações de países de economia emergente. O movimento pode ser explicado, ao menos em parte, pela divulgação nesta quarta da ata da reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) realizada no mês passado.

Sem surpresas, o documento reforçou o compromisso da autoridade em manter elevação dos juros para controlar a inflação nos Estados Unidos.

A interpretação de analistas foi de que a taxa do Fed poderá permanecer em níveis elevados por um longo período, mas também de que o órgão está no caminho para alcançar o seu objetivo sem levar o mundo a uma profunda recessão.

No câmbio brasileiro, o dólar comercial à vista subiu 0,52%, a R$ 5,1670 na venda, em um dia de força moderada da moeda americana em relação às principais divisas.

Na cotação máxima do dia, o dólar chegou a escalar a R$ 5,2140, mas perdeu força conforme o mercado passou a considerar que a ata teve viés favorável aos mercados de risco.

Essa foi a segunda alta diária do dólar frente ao real. A moeda americana, porém, vem caindo desde o final de julho, quando havia subido à casa dos R$ 5,50.

"A ata vem com um tom de cautela e vigilância em relação à inflação e o mercado entendeu isso com bons olhos", disse Leandro Petrokas, diretor de research da Quantzed. "Gerou um movimento comprador nos ativos de risco", comentou.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, ressalta que os argumentos da ata estavam atrelados a indicadores divulgados antes da reunião do Fed, dificultando assim uma interpretação menos imprecisa sobre as intenções dos formuladores da política monetária dos EUA.

"Uma ata datada mesmo, porque mencionava dados de uma desaceleração no mercado de trabalho e uma inflação ainda muito forte, mas o que aconteceu depois [da reunião] foi o contrário: o mercado de trabalho bem mais forte do que o esperado e a inflação cedendo mais do que o projetado", comentou Cruz.

Autoridades do Fed disseram no mês passado que o ritmo de aumentos da taxa de juros dependerá de dados, com alguns dos membros afirmando que os juros precisarão permanecer em um "nível suficientemente restritivo" por "algum tempo" para controlar inflação.

Os participantes do comitê monetário ainda comentaram que a inflação pode levar mais tempo do que o previsto para se dissipar e que uma desaceleração na demanda agregada projetada pelo banco central "desempenhará papel importante na redução das pressões inflacionárias", apontou a ata.

BOLSA AVANÇA NA CONTRAMÃO DOS PRINCIPAIS MERCADOS

Nos mercados de ações, índices acionários da América do Sul subiram ligeiramente, enquanto as principais Bolsas fecharam em queda.

Na Bolsa brasileira, o índice Ibovespa subiu 0,17%, a 113.707 pontos. Apesar do ganho tímido, o indicador renovou o seu maior patamar de fechamento desde 20 de abril (114.343).

O desempenho também foi positivo para Argentina, Chile e Colômbia, que tiveram ganhos de 0,94%, 0,34% e 0,14%, respectivamente.

Nas Bolsas americanas, o indicador parâmetro S&P 500 caiu 0,72%. O Nasdaq, com maior concentração de ações de tecnologia e mais prejudicado pela alta dos juros, perdeu 1,25%. O Dow Jones cedeu 0,50%.

Ainda na Bolsa brasileira, a Vale caiu 2,46%, após nova desvalorização dos contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura, na China.

As ações preferenciais da Petrobras subiram 2,34%, favorecidas pela alta dos preços do petróleo.

Os contratos futuros de petróleo Brent subiam 0,77% no início da noite, para US$ 93,05 (R$ 481,80) por barril.

Apesar da alta diária e da permanência em patamares historicamente altos, o preço de referência da matéria-prima ronda os níveis mais baixos desde o início da Guerra da Ucrânia, em 24 de fevereiro. No início de março, a commodity chegou a fechar perto dos US$ 128 (R$ 663).


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