SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar subia no mercado de câmbio brasileiro nesta segunda-feira (22), acompanhando a alta no exterior provocada por preocupações com a inflação e a desaceleração econômica em diversas partes do globo.
Às 11h20, o dólar comercial à vista avançava 0,44%, a R$ 5,1910 na venda. No exterior, o índice que mede o desempenho da moeda americana frente às principais divisas subia 0,50%.
O foco do mercado segue na política monetária dos Estados Unidos, onde a expectativa de elevação agressiva dos juros para o enfrentamento da inflação histórica vem prejudicando os mercados de ações e as moedas de países emergentes.
Na Europa, a crise do gás derrubava o euro novamente abaixo da paridade ante ao dólar. No câmbio do Brasil, a moeda comum europeia comercial estava cotada a R$ 5,1827, com queda de 0,10% frente ao real.
Os preços do gás natural dispararam na Europa, estimulados por preocupações de que o fechamento planejado do gasoduto Nord Stream pela Rússia impedirá o continente de acumular suprimentos suficientes de combustível antes do inverno, segundo o The Wall Street Journal.
Na China, o banco central do país cortou a taxa básica de empréstimo e reduziu a referência para hipotecas, na tentativa de reanimar a economia após a crise imobiliária e a pandemia.
Estudo do Goldman Sachs mostra que o real é a moeda mais sensível a quedas nas expectativas para o crescimento econômico chinês e nos preços das commodities.
A moeda brasileira está ainda entre as mais vulneráveis à queda do euro para 0,95 dólar e um cenário de Fed duro no combate à inflação.
Na Bolsa de Valores brasileira, o índice Ibovespa recuava 1,25%, a 110.095 pontos. O pessimismo doméstico refletia o mercado internacional. Em Nova York, o indicador parâmetro S&P 500 perdia 1,44%.
Bolsas europeias também caíam, com destaques para os tombos de 2,36%, de Frankfurt, e de 1,98%, de Paris.
Na última sexta-feira (19), o dólar comercial à vista fechou o dia praticamente estável, com queda de 0,05%, cotado a R$ 5,1680. No acumulado da semana, houve elevação de 1,85% contra o real.
Investidores chegaram ao final da semana reconsiderando suas expectativas de que a inflação mundial e, principalmente, nos Estados Unidos, teria atingido o seu pico.
Essa sensação enfraqueceu a esperança de parte do mercado de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) poderia em breve diminuir a velocidade de elevação da sua taxa de juros.
A expectativa de juros mais altos atraiu investimentos para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos e, consequentemente, valorizou a moeda do país, ao mesmo tempo em que prejudicou o desempenho dos mercados de ações na sexta.
Na Bolsa de Valores do Brasil, a pressão negativa do exterior ganhou ainda mais força com a baixa de 5,06% das ações preferenciais da Petrobras, que exerceram a maior influência para a queda de 2,04% do Ibovespa.
O índice de referência da Bolsa caiu aos 111.496 pontos, com uma desvalorização de 1,12% na semana, a primeira a fechar em queda após quatro altas semanais.
O tombo da Petrobras ocorreu no dia em que o governo federal passou por cima das regras de governança da estatal e elegeu para o conselho de administração da empresa dois nomes rejeitados pelo comitê interno e pelo próprio colegiado por existência de conflito de interesses.
Na agenda desta semana, o principal evento para as finanças globais será o pronunciamento, na sexta-feira (26), do presidente do Fed, Jerome Powell.
Ele participará da conferência anual de bancos centrais em Jackson Hole, Wyoming (EUA). O simpósio é amplamente aguardado pelo mercado e costuma dar as diretrizes da política monetária mundial.
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