RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Petrobras foi a empresa que pagou os maiores dividendos entre todas as companhias listadas em bolsa no mundo no segundo trimestre de 2022, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (24) pela gestora de recursos Janus Henderson.
Puxado pelo alto lucro das petroleiras, o valor dos dividendos globais atingiu recorde de US$ 544,8 bilhões no trimestre (R$ 2,8 trilhões), alta de 11,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além da Petrobras, a colombiana Ecopetrol aparece na lista das dez maiores pagadoras.
Segundo o levantamento, chamado Janus Henderson Global Dividends Index, o setor de petróleo contribuiu com mais de dois quintos do crescimento do valor distribuído. Com a escalada das cotações, a Petrobras teve lucro de R$ 54,3 bilhões no trimestre.
Foi o terceiro melhor resultado de sua história --e de uma companhia aberta brasileira-- coroando um semestre de ganhos bilionários: no primeiro trimestre, a estatal havia lucrado 44,5 bilhões. Apenas em 2022, a Petrobras já anunciou a distribuição de R$ 136,3 bilhões.
Deste total, R$ 48,5 bilhões foram distribuídos no segundo trimestre. Os R$ 87,8 bilhões restantes começam a ser pagos no dia 31 de agosto.
A política de distribuição de dividendos da Petrobras ajuda o governo, que chegou a pedir antecipação de recursos das estatais para bancar benefícios, mas é alvo de críticas de sindicatos, oposição e especialistas no setor, por privilegiar o acionista em detrimento de investimentos.
Em relatório logo após o anúncio do valor, o analista Daniel Cobucci, do BB Investimentos, alertou para riscos de que a política de prioridade à remuneração aos acionistas gere "implicações para o crescimento e atuação estratégica para o longo prazo".
Esse movimento, diz, ocorre em meio a um processo de venda de ativos e redução do endividamento, "elementos que permitiriam, em nossa opinião, um posicionamento da companhia em investimentos focados na diversificação das receitas em mercados promissores e voltados para a transição energética."
Representante dos minoritários no conselho da companhia, o advogado Francisco Petros também questionou a estratégia. "Consideradas as variáveis estratégicas, o pagamento de dividendos no nível atual caracteriza a empresa 'sem projeto'", afirmou ao jornal Folha de S.Paulo na ocasião.
Além das petroleiras, empresas dos setores financeiro e de consumo, principalmente fabricantes de carros, também se destacaram no pagamento de dividendos no segundo trimestre de 2022, diz o relatório da Janus Henderson.
Assim como o setor de petróleo, os bancos contribuíram por dois quintos do crescimento do valor distribuído no trimestre.
"O segundo trimestre ficou um pouco acima das nossas expectativas, mas o forte crescimento não deve se repetir pelo resto ano", diz, no relatório, Ben Lofthouse, chefe da divisão de Global Equity Income da gestora de recursos.
Na sua avaliação, a recuperação pós pandemia já está quase completa, o que limitará os ganhos nos próximos trimestres, e o mundo enfrenta o risco de desaceleração da economia global.
A Janus Henderson espera que os dividendos pagos em todo o ano somem US$ 1,56 trilhão (R$ 7,9 trilhões), alta de 5,8% em relação ao valor verificado em 2021.
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