SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As empresas francesas farão sua parte para atender à demanda do governo de redução em 10% no consumo de energia para evitar racionamento, em meio a preocupações com a escassez dado o avanço da Guerra da Ucrânia, disse um importante grupo de lobby empresarial nesta segunda-feira (29).
"Não é impossível. É um esforço significativo, mas absolutamente necessário, porque queremos evitar racionamentos e cortes de energia que param a produção", disse Geoffroy Roux de Bezieux, chefe do grupo Medef, à rádio France Inter.
Questionado sobre a ameaça de um imposto temporário para as empresas que lucram muito com a crise de energia, Roux de Bezieux disse que se opõe firmemente à ideia.
No fim de semana, a primeira-ministra Elisabeth Borne disse ao jornal Le Parisien que não estava fechando a porta a um imposto desse tipo, embora tenha acrescentado que faz mais sentido as empresas adotarem medidas que reduzam os preços para os consumidores e melhorem o poder de compra de seus funcionários.
"O maior gerador de lucros é o Estado cujas receitas fiscais aumentaram no primeiro semestre [...] graças aos lucros abundantes dessas empresas", disse Roux de Bezieux.
Nesta segunda-feira, Borne deve pedir às empresas que intensifiquem seus esforços para economizar energia, à medida que os preços disparam abalados pela guerra no exterior e pelos problemas de produção nuclear na França.
"Vamos manter as medidas para amortecer os preços de energia", disse Borne ao Le Parisien. "Não vamos deixar os preços de energia explodirem."
UE prepara plano de ação para conter os preços da energia
A UE (União Europeia) prepara uma reforma estrutural do mercado da energia elétrica no bloco e se mobiliza para conter o aumento implacável nos preços da energia, disseram altos funcionários europeus nesta segunda-feira (29).
Em um discurso em Bled, Eslovênia, a líder da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que o bloco prepara uma intervenção de emergência e uma reforma estrutural do mercado de eletricidade, em um cenário de preocupação generalizada.
"O aumento dos preços da eletricidade expõe as limitações do nosso atual desenho de mercado [...]", que foi pensado "para diferentes circunstâncias", disse a responsável.
"É por isso que estamos trabalhando agora em uma intervenção emergencial e uma reforma estrutural do mercado de eletricidade", acrescentou.
Quase simultaneamente, durante uma coletiva de imprensa em Praga, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, falou a favor de uma ação rápida para reformar o mercado de eletricidade.
De acordo com Scholz, há entre os países da UE um acordo completo sobre esta urgência de tomar medidas.
Pouco antes, o ministro da Indústria e Comércio da República Tcheca (país que ocupa a presidência rotativa da UE), Jozef Sikela, anunciou que os ministros de energia do bloco terão uma reunião de emergência em 9 de setembro.
"Convoco uma reunião extraordinária do Conselho de Energia. Nos reuniremos em Bruxelas em 9 de setembro. Temos que consertar o mercado de energia. A solução no nível da UE é de longe a melhor que temos", tuitou.
Por sua vez, a primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, alertou os empresários nesta segunda-feira sobre os riscos do racionamento de energia neste inverno boreal e pediu que reduzam o consumo.
"Se agirmos coletivamente, podemos superar o risco de escassez, mas se todos não participarem e se todos os cenários desfavoráveis se juntarem, poderemos ser obrigados a impor reduções aos consumidores", alertou.
Borne explicou aos executivos que "se acabarmos em um racionamento, as empresas serão as mais afetadas e, infelizmente, devemos estar preparados para isso".
Na última sexta-feira (26), Alemanha e França registraram preços recordes de eletricidade.
No caso da Alemanha, os contratos futuros de um ano saltaram para 995 euros por megawatt-hora, enquanto na França ultrapassaram 1.100 euros, embora um ano atrás estivessem em 85 euros.
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