SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para uma plateia de empresários do setor de infraestrutura, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que Petrobras, Caixa e Banco do Brasil não serão privatizadas em um eventual novo governo do PT.

Vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto, Alckmin representou o petista em um evento organizado pela Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) na tarde desta segunda-feira (29), em São Paulo.

A fala de Alckmin sobre privatizações foi recebida sem muito entusiasmo pela plateia. Questionado sobre ativos importantes, como Petrobras, Caixa e BB, serem sempre citados como possíveis projetos de privatização, o candidato falou sobre o destino de estatais federais grandes, como essas três, e sobre o que poderia ser privatizado, caso o ex-presidente Lula volte ao Planalto.

"Empresas que são grandes estatais federais são essas três, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras, praticamente. As restantes são empresas menores. Se pegarmos as três grandes empresas, não é prioridade privatizar nenhuma [delas]. Já temos bancos de menos, se for reduzir ainda mais... O que precisamos é reduzir o custo do dinheiro."

Ainda assim, Alckmin não deixou de criticar outras empresas estatais. "O Brasil tem uma coisa esquisita, e os estados também têm: empresa dependente do Tesouro. Elas deveriam ser autarquias. Se a empresa não tem recursos próprios para se manter, que empresa é essa?", questionou.

O movimento lembra mais o Alckmin que usou uma jaqueta bege com os emblemas do Banco do Brasil, Caixa, Petrobras e Correios --quando concorria à Presidência, em 2006, contra Lula, que o tachou à época de privatista-- e o recuo feito por ele em 2018, ao também descartar a venda dos dois bancos públicos e a exploração de petróleo em águas profundas, do que o legado de privatizações dos governos do PSDB, sigla pela qual o ex-governador concorreu até as últimas eleições.

O político, que tem funcionado como uma ponte entre o ex-presidente Lula e os empresários, manteve uma estratégia pela qual ficou conhecido: relembrar histórias da época em que foi prefeito de Pindamonhangaba (SP) e o período em que ocupou o Palácio dos Bandeirantes.

Ele, que se apresentou aos empresários como um "copiloto" de Lula, também não deixou de costurar exemplos de obras suas como governador com o que considera avanços dos governos petistas, como um melhor desenho dos modelos de concessões.

No evento, o ex-governador também defendeu a retomada de investimentos públicos e disse que, para isso, o Brasil precisa sinalizar para o mundo que possui uma democracia estável. "Sem democracia, não tem como ir bem na economia."

Ele pontuou, ainda, a necessidade de o país avançar nas concessões e nas PPPs (Parcerias Público-Privadas), sem desconsiderar a atuação, como garantidor, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O encontro desta segunda contou, ainda, com Felipe d'Avila (Novo), o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (que representou a candidata Simone Tebet, do MDB) e Ciro Gomes (PDT).

O presidente Jair Bolsonaro (PL) também foi convidado e encerraria o ciclo de debates, mas não havia confirmado presença até esta segunda e não participou do evento. Segundo a entidade, a organização da campanha também não justificou a ausência de Bolsonaro, que havia cancelado outros compromissos mais cedo.

Participação de Ciro tem clima descontraído Candidato pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes também pareceu confortável no encontro, um dia após ter participado do primeiro debate entre candidatos à Presidência, e chegou a arrancar risos da plateia em mais de uma ocasião.

Antes do evento, Ciro disse à imprensa que o debate permitiu demonstrar o embate entre um Brasil "velho" e "rancoroso" --que, segundo ele, teria sido representado pelo confronto entre Lula e Bolsonaro-- e também permitiu dar sinais de uma mudança de modelo econômico. "Esse projeto está pronto e eu tive a oportunidade de anunciá-lo."

"O modelo econômico é uma coisa muito prática, aponta qual é o papel do capital privado. Não há precedentes na história da humanidade, nenhuma experiência de nação que tenha lançado sua infraestrutura sem a presença do Estado", disse Ciro à plateia.

Mais cedo, d'Avila, do Novo, havia criticado as gestões petistas no manejo das demandas de infraestrutura. "Foi no governo desastroso do PT, em que a infraestrutura virou cabide de empregos no Brasil", disse o candidato. Ele também afirmou que parte do setor privado descobriu que é mais fácil "capturar governo do que capturar mercado".

Para retomar o investimento público ele defende a retomada do teto de gastos. "Precisamos enfrentar o excesso de gastos com pessoal, enfrentar a reforma administrativa e dar mais poder para estados e municípios."

Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul e coordenador da campanha de Tebet, defendeu modificações no teto de gastos para reabrir a possibilidade de investimentos em áreas importantes para o país.


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