SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para uma das maiores gestoras de recursos do mundo, embora as eleições no Brasil sejam um evento importante, especialmente para os investidores brasileiros, elas são apenas mais um fator de risco a ser considerado dentro de um panorama global muito mais amplo.
Axel Christensen, estrategista-chefe de investimentos para América Latina da BlackRock, diz que as disputas políticas locais são acompanhadas com atenção e levadas em conta para decidir investimentos, mas têm um peso diferente para uma gestora com atuação global em comparação com as domiciliadas no país.
"Temos uma perspectiva diferente ao olhar o Brasil dentro de um portfólio global e diversificado", afirmou Christensen, durante encontro com jornalistas nesta segunda-feira (12).
O estrategista da BlackRock, que somava cerca de US$ 10 trilhões em ativos sob gestão em dezembro de 2021, afirmou ainda que o maior risco que enxerga no mercado brasileiro neste momento não é eleição, desequilíbrio nas contas públicas ou inflação, mas a capacidade de a região apresentar um crescimento econômico consistente e sustentável em um horizonte de longo prazo.
"Nossa maior preocupação, e isso não apenas em relação ao Brasil, mas com toda a região da América Latina, é em relação ao crescimento de longo prazo", disse o especialista. "O maior desafio dos países da região é buscar formas de aumentar as taxas de crescimento."
Segundo ele, naturalmente será preciso ajustar as decisões de investimento de acordo com o resultado eleitoral, mas "mudanças políticas fazem parte do ambiente com o qual é preciso lidar".
Ele acrescentou que, além da eleição para presidente, o Brasil também irá escolher um novo Congresso, e será preciso estudar a configuração política em Brasília a partir do próximo ano para entender com maior clareza qual será a condução econômica do país.
Christensen afirmou ainda que não espera por uma recuperação dos mercados de ações e renda fixa em escala global no curto prazo, à medida que o cenário de inflação em níveis elevados e alta dos juros nas economias desenvolvidas nos Estados Unidos e na Europa deve permanecer presente ainda por mais algum tempo.
"No curto prazo, estamos mais cautelosos com os mercados desenvolvidos, porque avaliamos que os investidores ainda não embutiram em suas projeções o efeito de uma inflação mais persistente e a reação nas taxas de juros", afirmou o estrategista da BlackRock.
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