SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) solicitou nesta quinta-feira (15) a suspensão de um leilão do Governo de São Paulo que concederá para a iniciativa privada a exploração de 600 km de rodovias no estado. O parecer atende a uma ação apresentada pela Associação Brasileira de Usuários de Rodovias Sob Concessão (Usuvias) no início desta semana.

Chamado de "Lote Noroeste", o trecho em disputa atravessa 32 cidades paulistas, como Araraquara, Barretos, Catanduva, São José do Rio Preto e Sertãozinho, e será concedido pelo prazo de 30 anos. Atualmente, ele é explorado por duas concessionárias.

De acordo com a Usuvias, porém, o governo planeja fazer um leilão avaliado em mais de R$ 10 bilhões sem apresentar uma planilha de cálculo que explique o valor das tarifas de pedágio que serão cobradas no local.

A sustentação foi acatada pelo Ministério Público de São Paulo, que pede a suspensão do leilão até que os valores aplicados sejam verificados. Segundo o órgão, é necessário garantir a proteção ao patrimônio público e social e o respeito aos princípios constitucionais de legalidade, moralidade e transparência.

Se o parecer for acatado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, o certame marcado para às 14h desta terça na Bolsa de Valores será suspenso.

"O Governo do estado de São Paulo pretende entregar para a iniciativa privada a exploração de seiscentos quilômetros de rodovias sem demonstrar, concretamente, como elaborou os cálculos do elevado valor das tarifas que serão pagas pelo uso das vias que cortam trinta e duas Comarcas paulistas", afirma o MP-SP.

Outro ponto apresentado pela Usuvias e acatado pelo Ministério Público paulista é o de que o leilão não faz distinção de preço para diferentes tipos de rodovias. "Cada projeto de concessão apresenta dimensões e peculiaridades próprias que deveriam resultar em tarifas distintas", afirma o parecer.

De acordo com certame publicado pelo Governo de São Paulo, os valores de referência são de R$ 0,2084 cobrados por km em caso de pista dupla e de R$ 0,1488 por km para pista simples.

O advogado e diretor-executivo da Usuvias, Edison Araújo, celebra o posicionamento do Ministério Público nesta quinta. "Essas tarifas foram chutadas, não foram feitas com base em planilha", afirma. "Os pedágios de São Paulo são a galinha dos ovos de ouro da concessionárias. O governo fala que está zelando pelos usuários, mas não faz o mínimo necessário", segue.

A entidade que Araújo representa atualmente é composta por membros da sociedade civil como caminhoneiros, motoristas, empresários do ramo de transporte e pessoas que moram nas proximidades de rodovias.

O diretor-executivo diz que a tarifa estipulada pelo Governo de São Paulo é a mesma desde os anos 1990. Ele destaca, ainda, que os trechos rodoviários costumam exigir diferentes tipos de manutenção, indo da iluminação ao número de postos de pedágios instalados e o de funcionários necessários para a sua operação. "Mas na tabela [do Lote Noroeste], a tarifa de todas as nove concessões são iguais", afirma.


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