RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em um ano, a taxa de desemprego do Brasil teve a queda mais intensa de uma lista com 40 países, conforme ranking da agência de classificação de risco Austin Rating.

Ainda assim, o indicador local está entre os mais elevados. É o quinto maior do levantamento, que avalia o comportamento de nações com dados já divulgados até julho, de acordo com a Austin.

A taxa de desemprego brasileira estava em 13,7% no trimestre até julho de 2021, quando a economia ainda era afetada por restrições para frear a Covid-19.

Em igual período de 2022, o mais recente com informações disponíveis, o indicador recuou para 9,1%. A queda foi de 4,6 pontos percentuais.

Mesmo com o recuo mais intenso do ranking, a taxa de 9,1% só ficou abaixo das registradas em quatro nações em julho de 2022. A Espanha (12,6%) está no topo, seguida por Grécia (11,4%), Colômbia (10,6%) e Turquia (10,1%).

Dos 40 países observados, 38 tiveram desocupação menor do que um ano antes. A queda disseminada sinaliza que as economias, incluindo a brasileira, vêm sendo beneficiadas especialmente pela trégua da pandemia, aponta Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

"O principal fator é o combate à Covid-19", diz. "O quadro de desemprego melhorou no Brasil, mas ainda estamos no bloco dos países com as maiores taxas. Significa que precisamos avançar muito. Isso depende do crescimento econômico e da melhora do ambiente de negócios", afirma.

Agostini, a exemplo de outros analistas, vê chance de a taxa de desocupação ficar próxima de 8% até dezembro no Brasil. A reta final do ano, lembra, costuma ser marcada por contratações temporárias em razão da demanda sazonal em setores como o comércio.

Durante a corrida eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem usado a queda da desocupação como argumento para defender as ações adotadas pelo governo na área econômica.

A sensação de melhora do emprego, contudo, é prejudicada pela inflação persistente, que derrubou o poder de compra das famílias na pandemia.

A taxa de desemprego de 9,1% no Brasil, calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), está no menor patamar da série histórica comparável desde o trimestre encerrado em outubro de 2015. À época, o indicador também marcava 9,1%, e a economia nacional amargava recessão.

Às vésperas das eleições presidenciais de 2022, o governo Bolsonaro lançou um pacote de estímulos para incentivar a atividade econômica. O Planalto também resolveu apostar no corte de tributos sobre itens como combustíveis e energia elétrica.

De acordo com Agostini, a explicação para a Espanha (12,6%) registrar a maior taxa de desemprego do ranking pode estar associada ao fato de o país europeu ter uma população mais envelhecida. Os trabalhadores mais velhos estão entre os mais prejudicados pelas restrições impostas durante a pandemia.

A outra ponta da lista elaborada pela Austin é ocupada pela Suíça. O país teve a menor taxa de desocupação até julho deste ano: 2%.

Na comparação com igual período de 2021, a Dinamarca foi o único local em que o indicador ficou no mesmo nível (4,6%).

A China, por sua vez, teve a única alta no indicador, de 5,1% para 5,4%. A economia do gigante asiático, diz Agostini, ainda foi impactada nos últimos meses por restrições para conter o avanço do coronavírus.


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