RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O preço do etanol despencou nas últimas semanas, chegando a ficar abaixo de R$ 3 por litro em algumas cidades, e já é competitivo em relação à gasolina em sete estados e no Distrito Federal, segundo a pesquisa de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
O cenário favorece o consumidor mas é motivo de preocupação entre produtores de cana da região Nordeste, que veem pressão sobre os preços de venda da matéria-prima, com prejuízos aos produtores rurais.
Segundo os dados coletados pela ANP entre 25 de setembro e 1º de outubro, vale à pena optar pelo etanol na Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba e São Paulo.
A avaliação de competitividade considera que o preço do etanol tem que equivaler, no máximo, a cerca de 70% do preço da gasolina para compensar o menor rendimento.
O estado com maior competitividade do etanol é o Mato Grosso, onde o preço médio do produto equivale a 58,6% do preço da gasolina. É o único estado com preço médio abaixo de R$ 3: R$ 2,81 por litro. A gasolina nos postos do estado sai, em média, a R$ 4,79 por litro.
Nos outros cinco estados onde o combustível é vantajoso, os percentuais variam entre 67,55%, em Goiás, e 71,37%, no Distrito Federal. A pesquisa da ANP não trouxe o preço do etanol no Amapá, estado que tem a gasolina mais barata do país.
Em sua pesquisa de preços da semana encerrada no dia 30 de setembro, a ANP encontrou o etanol mais barato do país em Cuiabá, a R$ 2,67 por litro. Em outras duas cidades, São Paulo e Goiânia, o produto foi encontrado a menos de R$ 3 por litro.
O preço médio nacional foi R$ 3,37 por litro, uma queda de 31% desde que o Congresso aprovou cortes nos impostos federais e estaduais sobre os combustíveis. No período, o preço da gasolina caiu 35%, para R$ 4,81 por litro, em média.
O preço médio de venda do etanol na semana passada foi o menor desde agosto de 2020, em valores corrigidos pela inflação. Na época, o mercado ainda sofria os efeitos da queda de demanda provocada por medidas de isolamento social do início da pandemia.
Desconsiderando o período da pandemia, é o menor valor desde agosto de 2018.
A queda do preço dos combustíveis vem sendo usada como um dos trunfos na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que durante o primeiro turno fez visitas a postos no Brasil e na Inglaterra.
Bolsonaro chegou a prometer que o Brasil terá uma das gasolinas mais baratas do mundo. De fato, o país avançou em ranking elaborado pelo site Global Petrol Prices, mas ainda ocupava na semana passada a 33ª posição.
Com a alta do petróleo na última semana, o governo vem pressionando a Petrobras a, ao menos, segurar o preço da gasolina até o segundo turno. Para reduzir resistências, estuda substituir o diretor Financeiro da companhia, Rodrigo Araújo, por um executivo mais alinhado.
Nesta quinta-feira (5), o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,31 por litro abaixo da paridade de importação -uma baliza em relação aos preços internacionais-. É a maior defasagem desde o início de julho.
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