RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Foi com a intenção de mostrar a favela como potência de talentos que a empresária Aline Fróes, 35, ajudou a criar um projeto de capacitação digital em comunidades do Rio de Janeiro em 2017.
Trata-se do Vai na Web, que se apresenta como escola de tecnologia com aulas gratuitas de programação para jovens.
A partir do ensino técnico, a intenção é fazer com que os alunos superem barreiras profissionais e tenham condições de assumir vagas de trabalho na chamada economia digital.
As duas primeiras unidades do Vai na Web foram instaladas no Complexo do Alemão e no Morro dos Prazeres, no Rio, há cinco anos.
A segunda continua em operação, enquanto o projeto expande suas atividades para outras regiões do país. Recentemente, o Vai na Web inaugurou um núcleo na favela de Paraisópolis, em São Paulo.
Para quem não consegue comparecer às atividades presenciais, o projeto também fornece capacitação de maneira remota, modalidade intensificada pela pandemia. O ensino digital permitiu alcançar alunos em 24 estados, segundo Fróes.
"Quando a pandemia chegou, a gente mudou aulas físicas para o online. A gente emprestou notebooks, cresceu turmas. Tivemos alunos do Piauí, de Minas Gerais, de São Paulo", afirma.
O número atual de estudantes é de cerca de 250. A empresária calcula que em torno de 5.000 jovens já tenham passado pela iniciativa, que conta com aulas ministradas por ex-alunos. O curso tem seis meses de duração.
Para colocar o projeto de pé, Fróes atua em parceria com seu companheiro, o também empresário Igor Couto. Ambos nasceram em áreas da periferia do Rio de Janeiro e construíram suas carreiras no setor de tecnologia. O casal trabalha em conjunto no Vai na Web com a ativista social Cris dos Prazeres.
"Um jovem de um local como o Alemão gasta horas para sair de casa e ir até uma escola em busca de capacitação, isso sem contar os custos com transporte e alimentação. Existem barreiras para essas pessoas. O que o Vai na Web quer é quebrar as barreiras", diz Fróes.
O projeto fundado em 2017 evoluiu para o que ela chama de negócio social. Além de estudarem na escola de programação, os alunos também podem participar do Estúdio Vai na Web, que presta serviços para empresas de diferentes setores.
Todo o lucro obtido no estúdio com o desenvolvimento de softwares para as companhias é reinvestido na formação dos jovens, segundo Fróes.
"Uma empresa, quando contrata o Vai na Web, não paga só pelo software. Também investe em impacto social. É um modelo de ganha-ganha."
Uma das metas do projeto, diz Fróes, é ajudar na redução do desemprego entre os jovens. Tradicionalmente, a desocupação é mais alta para essa camada na comparação com profissionais mais velhos.
No segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego foi estimada em 33,3% para brasileiros de 14 a 17 anos e em 19,3% para aqueles de 18 a 24 anos, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
São os maiores índices entre as cinco faixas etárias pesquisadas pelo instituto. Na média geral, a taxa de desemprego à época estava em 9,3%.
"Se a gente consegue estruturar um caminho para esses jovens talentosos, a gente ajuda a reduzir desigualdades, a entregar educação de qualidade, a diminuir a pobreza", diz Fróes.
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