SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Temores renovados dos investidores sobre o risco de recessão nas grandes economias globais nos próximos meses e relativos à duração da guerra na Ucrânia impõem uma sessão de queda nas principais Bolsas globais no primeiro pregão desta semana.

Na mesma toada dos pares no exterior, o índice de ações Ibovespa fechou nesta segunda-feira (10) em baixa de 0,37%, negociado aos 115.940 pontos.

Nos Estados Unidos, o sentimento de maior aversão ao risco também predominou ?o S&P 500 recuou 0,75%, o Nasdaq cedeu 1,04% (no menor valor de fechamento desde julho de 2020) e o Dow Jones registrou desvalorização de 0,32%.

Por conta do feriado do "Dia de Colombo" comemorado nesta segunda nos Estados Unidos, as negociações dos títulos públicos do Tesouro americano ficaram suspensas, o que contribuiu para uma redução na liquidez dos mercados.

No câmbio, o dólar manteve a trajetória de desvalorização frente ao real observada na semana passada e fechou o pregão em baixa de 0,42%, a R$ 5,1910 para venda.

A queda da moeda norte-americana foi interpretada por alguns participantes do mercado como uma continuação da tendência recente de depreciação do dólar na esteira do primeiro turno das eleições locais, que reduziu a percepção de risco relacionada ao país. No acumulado da semana passada, a divisa dos EUA perdeu 3,34%, seu maior tombo semanal desde julho.

DADOS DE TRABALHO NOS EUA E PROLONGAMENTO DA GUERRA NA UCRÂNIA DERRUBAM MERCADOS GLOBAIS

O mau humor dos investidores em escala global dá prosseguimento ao movimento já observado na última sexta-feira (7), após dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos voltarem a aumentar os receios a respeito de uma forte desaceleração, e possível recessão na economia americana um pouco mais à frente.

Analistas avaliam que a queda da taxa de desemprego e uma abertura de novas vagas de trabalho acima das expectativas reforça o risco de o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) ter de prosseguir ainda por mais algum tempo com o processo de alta dos juros para controlar a inflação, aumentando as chances de um impacto mais profundo sobre o desempenho da economia na região.

Os novos desdobramentos nos conflitos entre Rússia e Ucrânia nos últimos dias, e os impactos prolongados sobre a economia europeia, também pesam para impedir uma recuperação nos preços das ações nas Bolsas.

Dois dias depois do audacioso ataque à ponte da Crimeia, que liga a península anexada em 2014 ao território russo, as forças de Vladimir Putin fizeram nesta segunda-feira o mais amplo ataque a cidades da Ucrânia em mais de três meses.

"Infelizmente o noticiário recente reduz marginalmente a probabilidade de encerramento precoce da guerra, como chegou a se aventar a menos de 1 mês atrás por algumas autoridades sobre o assunto", disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos em relatório.

Além disso, novas restrições anunciadas na sexta-feira pelo presidente dos EUA, Joe Biden, relativas à exportação de chips e semicondutores à China, provocaram quedas agudas no mercado asiático ?o índice acionário Hang Seng, de Hong Kong, tombou 2,95%, enquanto o CSI 300, da China, cedeu 2,21%.

COMMODITIES E BANCOS PRESSIONAM IBOVESPA PARA BAIXO; COSAN SEGUE EM FORTE QUEDA

No mercado local, o Ibovespa foi pressionado para baixo pelos papéis das grandes exportadoras de commodities e dos grandes bancos, dois setores de maior relevância para balizar o desempenho geral da Bolsa brasileira.

As ações ordinárias da Petrobras recuaram 0,91%, enquanto as preferenciais caíram 1,13%.

Já os papéis da Vale marcaram baixa de 2,01%, e os da Cosan, que na sexta-feira já haviam tombado mais de 8%, voltaram a registrar forte queda, de 7,51%.

A Cosan anunciou na sexta a compra de 4,9% do capital da Vale, e informou ainda que pretende ampliar sua participação na mineradora para até 6,5%.

"Acreditamos que o impacto desta transação é neutro para as ações da Vale. A Cosan será apenas mais um acionista, ainda que relevante, e não deve mudar os rumos da empresa. Para a Cosan, o impacto é negativo, pelo menos no curto prazo. A transação é muito grande e deve pressionar as ações do grupo em função do risco de emissão de novas ações, além de impactar negativamente no risco de crédito da empresa", afirmaram os analistas da Guide Investimentos em relatório.


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