SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira (27) que uma eventual vitória de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano garantiria que o pleito de 2026 seja pacificado, já que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provavelmente não concorreria e o atual presidente não poderia disputar um terceiro mandato.
Em videoconferência ao canal no Youtube da Suno Research, Guedes sugeriu que o chefe do Executivo ajuda a criar um clima de polarização no país e que, caso Lula saia vencedor no segundo turno, Bolsonaro voltaria nas próximas eleições para disputar com ele-renovando o risco de continuar com a divisão política.
A declaração ocorreu após o ministro ser questionado sobre sua avaliação do Congresso recém-eleito. Guedes apontou que a centro-direita conquistou a maioria das vagas, o que sinalizaria uma transição para acabar com "essa gritaria, essa barulheira".
"Se Bolsonaro ganhar esta eleição, o Lula se aposenta. O Bolsonaro não será reeleito, porque terá feito dois mandatos, então a próxima eleição já será uma eleição de centro, pacificada. Vai ser o Tarcísio, o Ratinho Junior, o Zema, e acabou a polarização no Brasil", disse.
Em seguida, o ministro acrescentou que, caso o petista vença o pleito, precisaria lidar com um Congresso de centro-direita que lhe traria dificuldades. "E depois o Bolsonaro volta, para competir com Lula de novo. Então acho que quem quer sossego, quem quer paz agora, tem que dizer 'olha, a esquerda já ficou [para trás]."
A três dias do segundo turno, Guedes adotou tom de campanha durante a entrevista, exaltando os feitos de sua gestão e atacando o adversário de Jair Bolsonaro. O ministro chamou uma eventual vitória de Lula de "hipótese perversa", dizendo que se o petista ganhar vai abalar o caminho da prosperidade que o governo estaria deixando preparado para os próximos anos.
Guedes ainda acusou Lula de querer acabar com o Auxílio Brasil. "Tem um programa que foi escrito por alguns dos economistas do outro candidato, onde está escrito que eles vão substituir o Auxílio Brasil. Vai acabar e entrar outros dois programas. Isso tem que explicar para a sociedade", disse, sem detalhar a qual documento com diretriz econômica estava se referindo.
No programa protocolado pela candidatura petista no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), não há menção ao termo Auxílio Brasil. O documento diz que apenas que um programa Bolsa Família renovado e ampliado precisa ser implantado, o qual "viabilizará a transição por etapas, no rumo de um sistema universal e uma renda básica de cidadania".
O ministro também afirmou que a prioridade absoluta do governo é garantir o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023, defendendo a taxação de lucros e dividendos para financiar a medida. O atual valor ampliado do benefício está garantido apenas até dezembro, retornando a R$ 400 em janeiro.
O ministro estimou que a arrecadação com o novo tributo será de R$ 69 bilhões ao ano, valor que, segundo ele, seria suficiente para bancar o programa social, que teria custo adicional de aproximadamente R$ 52 bilhões em 2023.
Na entrevista desta quinta, Guedes voltou a dizer que não haverá alteração na regra de reajuste do salário mínimo. Na última quarta-feira (19), a Folha de S.Paulo revelou o plano do Ministério da Economia de deixar de corrigir o salário mínimo e a aposentadoria pela inflação passada.
O chefe da pasta econômica disse que seus adversários inventam fake news e prometeu que o salário mínimo, as aposentadorias e os salários dos servidores serão reajustados acima da inflação.
Para Guedes, 'juiz' do Supremo que prende pessoas está se excedendo Durante a entrevista, o ministro reclamou de ataques que o governo teria sofrido nos últimos quatro anos. Após ponderar que confia nas instituições democráticas, ele disse acreditar que alguns agentes se excedem e descredenciam as instituições.
"Quando um deputado ataca outra instituição, ameaça fisicamente, ele está descredenciando o Congresso. Cabe ao Congresso limitá-lo. Quando um juiz do Supremo sai também e prende pessoas, também está se excedendo. Cabe ao próprio Supremo conversar com ele e amansar, justamente para não colocar sob ameaça as instituições", afirmou.
Embora não tenha citado nominalmente Alexandre de Moraes, a fala repete o argumento usado para criticar a atuação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) diante do inquérito das milícias digitais.
A declaração também ocorre num momento em que Bolsonaro tem reforçado ataques ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), atualmente presidido por Moraes.
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