SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Depois de três quedas consecutivas, a Bolsa de Valores brasileira iniciou uma recuperação nesta quinta-feira (27). No mercado de câmbio doméstico, o dólar caiu acentuadamente contra o real, apesar da alta da moeda americana no exterior.
No penúltimo dia de negociações antes do segundo turno da eleição presidencial, que acontece no próximo domingo (30), a divulgação de uma carta em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promete combinar responsabilidade fiscal e social, caso eleito, colaborou para aliviar a tensão dos investidores.
O índice Ibovespa fechou em alta de 1,66%, aos 114.640 pontos. O dólar comercial à vista caiu 1,48%, cotado a R$ 5,3020.
No momento em que o documento da campanha petista foi noticiado, por volta das 16h30, o Ibovespa saltou rapidamente da casa dos 114.700 pontos para 116.235, quando registrou a máxima do dia. O dólar chegou a cair momentaneamente de R$ 5,30 para R$ 5,25, se aproximando da cotação mínima do dia.
"Isso animou bastante os mercados", comentou Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.
"O Ibovespa deu um mega pulo com esse discurso de combinar responsabilidade fiscal e social, que agrada bastante ao mercado", disse Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.
O carta petista dividiu espaço no noticiário com a escalada dos ataques da campanha de Jair Bolsonaro (PL) contra o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), provocando dúvidas se o presidente aceitará o resultado das urnas em caso de derrota para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Uma bateria de dados relevantes para o mercado financeiro tirava, porém, um pouco de foco da polarizada disputa eleitoral. Entre os quais estão as divulgações sobre o emprego no Brasil, a elevação dos juros na Europa e o crescimento da economia nos Estados Unidos.
Apesar da alta do Ibovespa, havia baixas nas ações do setor de matérias-primas metálicas, um dos mais importantes para a Bolsa do Brasil. A Vale despencou 3,5%. A companhia reportará na tarde desta quinta os seus resultados do terceiro trimestre.
Ainda sobre o segmento das commodities ferrosas, os preços de referência do minério de ferro negociado em Singapura caíram cerca de meio ponto percentual nesta sessão.
Entre os dados positivos para a economia doméstica, a taxa de desemprego voltou a recuar e atingiu 8,7% no terceiro trimestre deste ano. É o menor patamar desde o segundo trimestre de 2015 (8,4%).
Na véspera, o Banco Central confirmou a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75%. Embora a medida mantenha a ampla vantagem para os investimentos de renda fixa, a decisão já era esperada pelo mercado e não acrescentou turbulências à negociação de ações. A autoridade não descartou, porém, voltar a elevar os juros, se necessário.
"Sem novidades, o Banco Central manteve o cartão amarelo levantado para os investidores mais animados que apostam em corte de juros no início de 2023", disse a economista Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos.
Na Bolsa de Nova York nesta quinta, o indicador parâmetro S&P 500 caiu 0,61%, perto da estabilidade. Do lado positivo do mercado americano estavam as grandes companhias que compõem o índice Dow Jones, que ganhou 0,61%. A pressão negativa veio da queda de 1,63% da Nasdaq, que concentra companhias de tecnologia e com maior potencial de crescimento.
O mercado americano trabalha atento à repercussão entre investidores sobre os dados de terceiro trimestre do PIB dos Estados Unidos. A economia do país cresceu a uma taxa anual de 2,6%, mas mostrou sinais de desaceleração quanto aos gastos de consumidores e empresas.
Se por um lado isso mostra que a política de elevação de juros do banco central americano está conseguindo desacelerar a economia para estabilizar a inflação, por outro, amplia os temores de recessão na maior economia do planeta.
"Apesar da recuperação do PIB no terceiro trimestre, acreditamos que a economia americana desacelerará agressivamente daqui para frente", comentou Francisco Nobre, economista da XP.
Também tentando lidar com a escalada da inflação, o Banco Central Europeu aumentou em 0,75 ponto percentual a sua taxa de juros, além de mudar regras de empréstimos para bancos comerciais.
Dezenove países que compartilham o euro são afetadas pela taxa de juros do BC, agora em 1,5% ao ano, a mais alta desde 2009, reportou a agência Reuters.
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!