SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Parte da "Faria Lima progressista" que se engajou na campanha do ex-presidente Lula (PT) à Presidência se reuniu novamente na manhã desta sexta-feira (28) para ouvir o candidato petista ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, e intermediar a entrega de uma carta assinada por servidores, pesquisadores e alunos da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo),
O documento foi entregue a Haddad pelo ex-ministro da Agricultura no governo Lula, Luis Carlos Guedes Pinto. Batizado de "O Agro está com Lula e Haddad", o abaixo-assinado lista o que considera como avanços no setor agrícola conquistados nas gestões do petista.
"O que essa carta diz é que reconhece o trabalho excepcional realizado durante o governo Lula", disse Guedes Pinto. "E tudo isso aconteceu em decorrência política pública e ao mesmo tempo em que havia uma política de combate ao desmatamento. É perfeitamente possível", afirmou.
A carta defende que "o futuro do agro no Brasil está em jogo". Entre as críticas direcionadas ao governo de Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, o documento aponta o "aumento desesperador do desmatamento em todos os biomas brasileiros, causando perdas reais e futuras para o agro."
As críticas se estendem também ao oponente de Haddad, o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é ex-ministro de Bolsonaro. O grupo que assina a carta diz que o candidato tem um "projeto privatizante que não valoriza a pesquisa pública paulista" e que "não demonstra urgência no combate e erradicação da fome."
O encontro foi organizado a poucos metros da avenida Faria Lima, considerado o centro financeiro da capital paulista, em um edifício na rua Amauri ocupado por gestoras de investimentos.
Convidado a se dirigir àqueles que ainda estivessem indecisos quanto ao voto neste domingo, Haddad criticou Tarcísio, citou momentos do debate realizado na noite anterior pela TV Globo ("ele citou propostas do meu programa de governo como se fossem dele").
"Temos que escolher alguém que saiba construir processos políticos, que tenha uma tradição democrática, que saiba dialogar com o contrário, que saiba construir consensos", disse. "Sei que muita gente aqui talvez o dedo nem consiga apertar o 1 e o 3, mas faça isso, aperte o 13."
Em entrevista ao fim do encontro, Haddad defendeu a retomada do PAA (Plano de Aquisição de Alimentos) e dos estoques públicos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Segundo ele, essas políticas têm papel importante na formação dos preços dos alimentos.
"Cada dia que você vai ao supermercado é um susto. Quando tínhamos o PAA, que depois virou o Programa Mundial de Alimentos da ONU, isso trouxe um ganho extraordinário para a população de baixa renda", disse.
"Você teve preços que ficaram praticamente estáveis durante dez anos no Brasil porque tinha estoque regulador. Ele dá a produtor uma segurança enorme para produzir porque não tem problema para escoar a produção. Então todo mundo sai plantando."
Antes da entrega da carta a Haddad, a deputada federal eleita Marina Silva (Rede) -ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula- defendeu a articulação de políticas que promovam o uso de tecnologias e pesquisa para aumentar a produtividade e incentivar a agricultura de baixo carbono.
"O agronegócio brasileiro tem uma parte altamente tecnológica, que entendeu como se inserir nos mercados mais exigentes", disse Marina. "A gente não pode achar que todo agronegócio brasileiro é aquele que tem uma pauta reacionária contumaz. É uma minoria barulhenta."
Marina defendeu que uma política pública de combate ao desmatamento e de sinergia com o setor produtivo tem efeitos positivos na derrubada de barreiras tarifárias.
"Enquanto os porta-vozes forem aqueles que não estão preocupados com os povos indígenas, que não estão preocupados com os mananciais, com a proteção das florestas, todo mundo fica em uma situação muito difícil. Não adianta dizer que é um problema de imagem", disse Marina.
Há pouco mais de um mês, o Parlamento Europeu validou uma proposta para proibir a entrada, no mercado europeu, de commodities ligadas ao desmatamento. Parlamentares chegaram a encaminhar uma carta ao presidente Jair Bolsonaro para expressar preocupação com o aumento da violência contra a população indígena e a agenda política do governo para o meio ambiente.
Também no encontro desta sexta-feira, Haddad assinou uma carta com o Fórum Verde Permanente de Parques, Praças e Áreas Verdes, na qual se compromete a trabalhar em conjunto com a Prefeitura de São Paulo para criar mecanismos de proteção a áreas de preservação, de corredores ecológicos e de combate ao desmatamento.
GRUPO FARÁ CAMINHADA PRÓ-LULA E HADDAD NA FARIA LIMA
Alguns dos articuladores desses encontros para aproximar Lula e Haddad de eleitores indecisos no segundo turno farão uma caminhada neste sábado (29 com a senadora Simone Tebet (MDB).
A partir de 10h, haverá um café da manhã para convidados, seguido da caminhada. Batizado de "sábado da esperança", o movimento pede que os participantes usem branco.
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