SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A maior preocupação com o ambiente sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente neste domingo (30), em comparação com Jair Bolsonaro (PL), irá contribuir para que o Brasil volte a entrar no radar dos estrangeiros, diz João Paulo Pacífico, fundador da empresa de investimentos Grupo Gaia, que trabalha na captação de recursos voltados para o financiamento de projetos socioambientais.

"O ambiente hoje para o mundo é um tema central para as decisões sobre onde o dinheiro vai ser canalizado, embora não seja para a Faria Lima [região em São Paulo onde se concentram empresas do mercado financeiro], que é completamente desconectada do mundo", diz Pacífico.

Um exemplo nesse sentido, afirma, já veio apenas poucas horas após a confirmação da vitória do ex-presidente, com a Noruega tendo anunciado que retomará a ajuda financeira contra o desmatamento da Amazônia no Brasil, congelada durante a presidência de Bolsonaro.

Segundo declarações à AFP do ministro norueguês do Meio Ambiente, Espen Barth Eide, cerca de 5 bilhões de coroas norueguesas (US$ 482 milhões, ou R$ 2,5 bilhões) aguardam para serem utilizados no fundo de preservação da floresta amazônica.

Já o braço de gestão de ativos da Nordea, um dos maiores bancos dos países nórdicos, disse nesta segunda-feira (31) que pode suspender a proibição de compra de títulos do governo brasileiro depois da vitória de Lula.

A postura negligente de Bolsonaro com o ambiente, diz Pacífico, fez com que o Brasil se tornasse um pária no cenário global, e a expectativa é que o cenário mude completamente sob a condução do governo Lula a partir de 2023.

"Estou muito otimista. O Brasil nunca teve uma relação tão boa com os outros países como nos governos do Lula", afirma o executivo, lembrando do papel que a deputada federal eleita e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) teve durante a campanha do petista e da expectativa quanto a função que ela venha a desempenhar no novo governo.

Ele diz ainda que o fortalecimento de políticas públicas visando a redução da pobreza extrema e da fome irá ajudar no fomento da economia brasileira de uma forma mais ampla. "As pessoas entenderam que, se não tiver consumidor, não tem mercado."

Em setembro, Pacífico anunciou a doação do Grupo Gaia para uma ONG (Organização Não Governamental). Produções agrícolas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e moradias sociais de alugueis acessíveis em São Paulo estão entre os projetos que foram financiados pelo intermédio da empresa.

O fundador da Gaia afirma que, nos últimos anos sob o governo Bolsonaro, a atuação do grupo representava uma espécie de "murro em ponta de faca, indo no sentido contrário ao do governo brasileiro". Agora, a expectativa é que o olhar mais voltado às classes menos favorecidas e ao ambiente passe a atrair um maior interesse de investidores estrangeiros para projetos que tenham como foco atacar essas questões, diz Pacífico.


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