SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar estendia suas perdas frente ao real nos primeiros negócios desta terça-feira (4), depois de na véspera ter despencado ao ritmo mais rápido em mais de quatro anos, com investidores ainda repercutindo positivamente o resultado mais apertado do que o esperado do primeiro turno das eleições presidenciais.
Colaborava para a depreciação da divisa norte-americana no mercado local a queda do dólar no exterior.
Às 9h05 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,69%, a R$ 5,1412 na venda.
Na B3, às 9h05 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,57%, a R$ 5,1725.
O mercado financeiro doméstico reagiu com euforia nesta segunda-feira (3) ao desempenho melhor do que o esperado do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições deste domingo (2). Embora a eleição tenha sido a grande responsável pelo bom humor, as negociações locais também refletiram a recuperação das Bolsas no exterior após um tombo no fechamento trimestral na última sexta-feira (30).
No mercado de câmbio doméstico, o dólar comercial à vista fechou em queda de 4,05%, a R$ 5,1760 na venda. Essa é a maior queda da moeda americana desde o recuo de mais de 5% registrado em 8 de junho de 2018.
Na ocasião, a divisa americana havia sido abatida por uma intervenção do Banco Central no câmbio e teve seu tombo mais expressivo desde outubro de 2008, segundo a agência Reuters.
Além de considerar a possibilidade de reeleição do candidato de agenda econômica percebida como mais liberal, investidores também avaliam que o resultado apertado da votação -Lula ficou com 48,4% dos votos válidos, contra 43,2% de Bolsonaro- levará o petista a apresentar nomes para um eventual governo mais alinhados com o mercado.
Investidores também pesaram a notícia de que o Congresso será mais conservador a partir do ano que vem. O partido de Bolsonaro ganhou ao menos 23 deputados, chegando a 99, e se tornou a maior bancada eleita na Câmara nos últimos 24 anos.
Embora o desempenho do real tenha sido muito superior em relação às demais moedas, algumas divisas de países emergentes também apresentaram fortes ganhos contra o dólar, como os pesos chileno e colombiano.
Ibovespa salta 5,5% e tem maior alta desde abril de 2020; Sabesp dispara Na Bolsa de Valores brasileira, o índice de referência Ibovespa saltou 5,54%, aos 116.134 pontos, no fechamento desta segunda. É a maior alta desde o ganho de 6,52% registrado em 6 de abril de 2020, quando o mercado se recuperava do tombo provocado pelo início da pandemia.
"O resultado [do primeiro turno da eleição] é visto como positivo, tanto por manter Bolsonaro no páreo, quanto pela disputa mais apertada que, em tese, força Lula a acenar para o centro e conseguir mais apoio", comentou João Beck, economista e sócio do escritório de investimentos BRA.
Ações de empresas com participação do governo, além de papéis de bancos e do varejo, dispararam. Os papéis preferenciais da petrolífera estatal Petrobras saltaram 7,99% e também movimentaram o maior volume do dia.
O principal destaque, porém, foi a alta de 16,94% da Sabesp, a companhia de saneamento básico de São Paulo. Bolsonaro teve forte votação no estado e o seu candidato, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos), superou o ex-prefeito Fernando Haddad (PT). Eles disputarão o segundo turno.
Contratos de CDS (Credit Default Swap), também chamados de risco-país por serem uma espécie de seguro contra calotes de instituições brasileiras, registraram queda de 6,35%, a maior desde o segundo semestre de 2020.
Já as taxas de juros DI, referência para o setor de crédito, tiveram recuos em todos os contratos para os próximos anos, embora as taxas com vencimento no curto prazo (até 2024) tenham cedido menos de 1%.
Na ponta inferior do Ibovespa, apenas duas ações caíram: os grupos do ramo de educação Yduqs e Cogna cederam 1,59% e 0,34%, respectivamente. Participantes do mercado comentaram que a perspectiva para esses papéis é melhor em caso de vitória de Lula, devido ao histórico petista com programas de subsídio estudantil como o Pro-Uni.
Ventos favoráveis do exterior também impulsionaram a alta da Bolsa e a queda do dólar nesta segunda.
No mercado de Nova York, investidores iniciaram o trimestre indo às compras em um cenário de ações fortemente desvalorizadas pela crise inflacionária e incertezas sobre uma potencial recessão.
Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, os três principais indicadores de ações dos Estados Unidos, subiram 2,66%, 2,59% e 2,27%.
Refletindo o entusiasmo de investidores após o primeiro turno no Brasil, o fundo de ações brasileiras negociado na Bolsa de Nova York MSCI Brazil ETF (EWZ) avançou 9,85% nesta sessão e, com isso, registrou o maior ganho diário desde março de 2020.
Preços de referência do petróleo também subiam na largada do trimestre diante da notícia de que a Opep (cartel de países produtores) e aliados liderados pela Rússia decidiram realizar um importante corte na produção.
O grupo quer apertar a oferta da matéria-prima para reforçar os preços, que caíram cerca de 23% no terceiro trimestre, o maior recuo desde o início da pandemia de Covid.
Com isso, o barril do petróleo Brent chegou a saltar 4% nas primeiras horas do dia, reportou o The Wall Street Journal. No fim da tarde, porém, o preço era de US$ 88,65 (R$ 465), com ligeiro ganho de 0,78%.
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