SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Entidades empresariais cobram a liberação imediata das rodovias bloqueadas por atos antidemocráticos que estão sendo realizados por bolsonaristas desde segunda-feira (31) no país.

A pressão de setores como a indústria ganhou força nesta terça (1º) com a publicação de comunicados que citam possíveis prejuízos para empresas, funcionários e consumidores.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou que é "veementemente contrária a qualquer manifestação antidemocrática que prejudique o país e sua população".

A entidade também aponta para o "iminente risco de desabastecimento e falta de combustíveis, caso as rodovias não sejam rapidamente desbloqueadas".

"As indústrias já sentem impactos no escoamento da produção e relatam casos de impossibilidade do deslocamento de trabalhadores", diz a CNI.

Os bloqueios das vias foram promovidos após a divulgação do resultado do segundo turno das eleições presidenciais, que ocorreu no domingo (30). Sem provas, manifestantes contestam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL).

A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) afirmou que "é imprescindível desbloquear as estradas o quanto antes".

Conforme a entidade, a situação já provocou problemas no recebimento de matérias-primas e no escoamento de produtos. Também há dificuldades para o deslocamento de trabalhadores, o que suspendeu a operação em algumas fábricas fluminenses.

"Outras optaram por reduzir o ritmo de sua linha de produção", acrescentou.

A Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul) também cobrou a resolução do impasse.

"O problema requer solução urgente para que não haja desabastecimento de produtos essenciais, o que atinge alimentos, combustíveis, e grande parte dos insumos industriais da maioria dos segmentos fabris", apontou.

COMÉRCIO PROJETA PREJUÍZOS

Os impactos vão além das fábricas. As perdas diárias do comércio com os bloqueios antidemocráticos podem superar as registradas durante a greve dos caminhoneiros de 2018, segundo estimativa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Em maio de 2018, o movimento causou retração de 5,8% no volume de vendas do comércio --uma perda diária de R$ 1,8 bilhão em valores de 2022.

Foi a maior queda do volume de vendas do varejo para meses de maio em toda a série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Desta vez, os estoques do comércio estão mais frágeis do que eram antes da pandemia.

"O comércio depende muito mais agora da circulação de mercadorias. Não me espantaria se as perdas chegassem a R$ 2 bilhões, em termos de média diária", diz o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.

Ele ressalta que essa perda não ocorre no primeiro dia, mas de forma gradual. "Desde a Covid-19, o comércio se tornou mais dependente de vendas virtuais e de entregas. Não acredito que essas perdas durem dez dias, como em 2018, mas causam perdas nas vendas e aumentam os custos."

O economista acrescenta que em maio de 2018 a redução dos estoques levou o preço da gasolina a subir 3,34% e o óleo diesel, 6,16%.

"Assim, até a normalização na distribuição dos combustíveis e outros produtos, a inflação corroeu a margem de comercialização das empresas."

A Abipla (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes para Uso Doméstico e Uso Profissional) afirmou que os bloqueios podem parar operações de fábricas a partir desta terça.

"O setor tem convivido com um grande aumento dos custos de produção nos últimos anos, e nossa expectativa era de estabilização até o fim do ano. Uma paralisação prolongada pode provocar nova pressão de custos", diz o diretor-executivo da Abipla, Paulo Engler.

Centrais sindicais também se manifestaram sobre o tema. Em nota, reafirmaram a defesa da democracia e do processo eleitoral.

"Não podemos aceitar uma espécie de 3º turno que setores políticos isolados do bolsonarismo tentam, numa estratégia golpista e antidemocrática, submeter a sociedade brasileira através de tumultos, bloqueios de rodovias e outras manifestações sem respaldo político e popular", indicou o manifesto.

O texto é assinado por CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores) e CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros).


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