SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Bloqueios em estradas promovidos por golpistas apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), entre os quais estão caminhoneiros, trazem risco de prejuízo ao setor de transporte no período mais promissor dos últimos anos.
O que poderia ser um tempo de contratações e lucros poderá acabar com demissões e empresas fechadas, segundo André Prado, vice-presidente de operadores e serviços logísticos da Abralog (Associação Brasileira de Logística)
"Estamos no momento de três grandes eventos, a Black Friday e a Copa do Mundo, em novembro, e o Natal. Se houver um colapso no abastecimento e os estoques estiverem baixos, a falta de mercadorias pode acontecer em prazo curtíssimo e afetar esses três eventos", disse Prado, que também é presidente da BBM Logística e membro do conselho deliberativo da Abol (Associação Brasileira de Operadores Logísticos).
Transportadores que atuam no abastecimento direto de lojas e shoppings tendem a ser os mais prejudicados, pois a categoria sentiu mais os efeitos da paralisação das atividades econômicas devido à pandemia de Covid.
"Primeiro houve a recessão, depois duas ondas de Covid, e por último a Guerra da Ucrânia, com grande impacto do preço do combustível, diminuindo em grande parte as margens de lucros desses transportadores", comentou.
"Existe um risco para o setor com mais esse impacto, depois de um período muito difícil, em um mês que todo mundo esperava que iria ser bom."
Empresas podem ter dificuldade para continuar suas atividades e ter que demitir pessoas. É difícil ser preciso, pois exigiria analisar cada empresa, mas que o prolongamento dessa situação pode provocar a quebra de empresas no país, isso é iminente."
Prado destaca, porém, que o risco da paralisação do transporte é generalizado e pessoas que vivem em grandes centros urbanos podem sentir rapidamente os efeitos do desabastecimento.
As atividades mais afetadas são aquelas que dependem de produtos com período de validade muito baixo. "Você começa a sentir falta desses produtos muito rápido."
Fábricas com abastecimento diário também estão entre as mais prejudicadas e devem ter de paralisar sua produção. É o caso, por exemplo, da indústria automotiva. "Se você rompe um dia de abastecimento, pode ser necessário interromper o dia de produção de setores que atuam com estoques baixíssimos e alto giro de produção", disse.
O executivo ainda destacou que a manutenção de cargas valiosas fora do armazém ou do fluxo normal de tráfego ampliam o risco de saques, embora o setor não tenha notícias de ocorrências desse tipo até o momento.
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