SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar disparava frente ao real nos primeiros negócios desta quinta-feira (10), refletindo a manutenção de temores domésticos sobre a agenda fiscal do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto investidores digeriam os dados do IPCA de outubro e reforçavam a cautela antes da divulgação de uma importante leitura de inflação nos Estados Unidos.

Às 9h10 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,91%, a R$ 5,2834 na venda.

Na B3, às 9h10 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,81%, a R$ 5,3000.

Nesta quarta-feira (9), a frustração de investidores internacionais com o desempenho abaixo do esperado do Partido Republicano nas eleições de meio de mandato provocou alta global do dólar e tirou força dos mercados de ações, incluindo o brasileiro.

No câmbio doméstico, o dólar comercial à vista fechou em alta de 0,66%, cotado a R$ 5,1840.

Na Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa recuou 2,22%, aos 113.580 pontos. O tombo de quase 18% das ações do Bradesco, após um resultado trimestral que desapontou investidores, também contribuiu para o desempenho negativo do índice.

O banco sofreu a sua maior queda diária na Bolsa em mais de duas décadas e perdeu quase R$ 31 bilhões em valor de mercado nesta sessão.

Nos Estados Unidos, o sentimento de aversão ao risco interrompeu uma sequência de três altas da Bolsa de Nova York e gerou maior procura por investimentos de renda fixa ligados ao Tesouro, o que consequentemente tornou o dólar mais caro no resto do mundo. O índice que compara a moeda americana a outras divisas subiu mais de 0,70%.

Parâmetro para o mercado acionário dos EUA, o indicador S&P 500 perdeu 2,08% nesta sessão. As ações da Walt Disney mergulharam 13%, o maior tombo desde setembro de 2001, devido ao balanço trimestral que desagradou investidores. Na contramão, as ações da Meta subiram 5,18% após a empresa dona do Facebook ter anunciado a demissão de mais de 11 mil trabalhadores.

Apesar dos impactos dos resultados empresariais nos mercados do Brasil e dos EUA, analistas apontaram a eleição americana como o evento com maior influência sobre os negócios nesta quarta.

Investidores locais também seguem acompanhando especulações sobre quem será o ministro da área econômica do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nesta terça-feira (8), a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou que contará com os economistas Persio Arida e André Lara Resende. Financistas cobravam da nova gestão nomes técnicos e mais alinhados ao mercado.

Além de Arida e Resende, também farão parte da transição o economista Guilherme Mello, professor da Unicamp e ligado ao PT, e Nelson Barbosa, que foi ministro da Fazenda e do Planejamento no governo de Dilma Rousseff.

Com isso, há uma divisão da área entre dois economistas com histórico liberal (Arida e Resende) e dois representantes diretos do partido (Barbosa e Mello), que defendem a flexibilização do teto de gastos para atender demandas sociais.

A perspectiva de inclusão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na transição, conforme adiantou o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), também gerou reclamações entre participantes do mercado.

Alguns disseram, porém, que a desconfiança pode ser amenizada caso o novo governo apresente um "waiver", que nesse contexto significa licença para gastar acima do teto de gastos, de R$ 170 bilhões, abaixo dos R$ 200 bilhões inicialmente estimados.


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