SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar caía frente ao real nos primeiros negócios desta quarta-feira (23), em movimento de ajuste depois do salto da véspera, enquanto investidores monitoravam a tentativa de contestação das urnas pelo partido do presidente Jair Bolsonaro e aguardavam a definição do texto da PEC da Transição.

Ao mesmo tempo, os mercados aguardavam a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, às 16h (horário de Brasília).

Às 9h13 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,14%, a R$ 5,3720 na venda. Na B3, às 9h13 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,19%, a R$ 5,3800.

Nesta terça-feira (22), Bolsa, câmbio e juros voltaram a dar a medida da preocupação de investidores com as turbulências geradas pela troca de governo no país, em um dia em que o Brasil andou na contramão de um mercado externo positivo.

O dólar comercial à vista fechou em alta de 1,26%, cotado a R$ 5,3790 na venda. Em um dia de desvalorização global da moeda americana, o real entregou o pior retorno à vista em comparação às principais divisas de países emergentes.

A taxa de juros DI para 2024, referência para o crédito de curto prazo, voltou a subir após uma pausa na véspera, passando de 14,26% para 14,35% ao ano.

Criando mais ruído em um ambiente de negócios já tumultuado pelo debate sobre a PEC da Transição, o PL, partido de Jair Bolsonaro, pediu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mesmo sem apresentar provas de fraude, a invalidação de votos depositados em parte das urnas.

Em resposta, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, determinou que o PL adicione em seu pedido de anulação de votos as urnas eletrônicas também utilizadas no primeiro turno das eleições.

Referência da Bolsa de Valores, o índice Ibovespa caiu 0,65%, aos 109.036 pontos, recuperando parte da perda que passou de 1% ao longo da sessão.

O desempenho foi na contramão do exterior. Nos Estados Unidos, os principais índices de ações subiram. O indicador de referência para o mercado de Nova York, o S&P 500, avançou 1,36%. Dow Jones e Nasdaq ganharam 1,18% e 1,36%, respectivamente.

Expectativas sobre redução do pagamento de dividendos e incertezas quanto à mudança na condução da Petrobras levaram as ações da companhia a cair até cerca de 5% durante o dia, mas houve recuperação parcial enquanto o preço do petróleo subia no mercado internacional.

A Arábia Saudita informou que a Opep+ (cartel de países produtores e aliados) manterá cortes na produção e poderia tomar outras medidas para equilibrar o mercado. Isso levava o barril do petróleo Brent a uma alta de 1,22% no final da tarde, aos US$ 88,52 (R$ 472,10).

Papéis mais negociados neste pregão, as ações preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 0,77%. Já os títulos ordinários tiveram leve alta de 0,05%.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá promover a troca na presidência da Petrobras, dando início a mudanças mais profundas na companhia.

Lula planeja uma ampla troca no primeiro e segundo escalões da companhia e que pelo menos parte dos elevados dividendos sendo pagos pela estatal a acionistas na onda da alta do petróleo sejam direcionados a investimentos.

A equipe de transição de Lula também quer suspender todos os procedimentos na esfera de óleo e gás, que estão no rol de responsabilidades da Petrobras, inclusive privatizações, como a do gasoduto Bolívia-Brasil.

Além disso, analistas do UBS BB cortaram a recomendação dos papéis para "venda", de "compra" anteriormente, bem como ceifaram o preço-alvo das preferenciais de R$ 47 para R$ 22, em relatório divulgado no final da segunda-feira (21).

Em relatório também divulgado no final da segunda-feira, analistas do Itaú BBA alertaram que uma potencial mudança na política de preços da empresa pode resultar em impactos consideráveis (especialmente se uma política de preços baseada em custos de produção for adiante).


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