BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O senador Jacques Wagner (PT-BA) disse nesta quinta-feira (24) que falta a indicação de um ministro da Fazenda do governo eleito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para facilitar as negociações envolvendo a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição.
Wagner falou rapidamente a jornalistas ao deixar o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição. Ele foi escalado pelo PT para tentar reverter as dificuldades que o partido encontrou no Senado com a proposta, tida como fundamental para liberar despesas fora do teto de gastos e possibilitar o cumprimento de promessas feitas durante a campanha eleitoral.
O senador foi perguntado sobre as dificuldades enfrentadas pelo PT para chegar a um acordo sobre a PEC da Transição e se faltaria a presença de um articulador na Casa. "Acho que falta mais, por enquanto, um ministro da Fazenda", disse, ressaltando que trata-se apenas de uma "opinião", mas que conversará com Lula em São Paulo, na sexta-feira.
A proposta, que tira o Bolsa Família do teto de gastos e permite a execução de outras despesas, foi apresentada originalmente pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) a líderes partidários na semana passada sem um prazo definido -o que, na prática, tornaria a medida permanente.
A seguir, Wagner ressaltou que "ninguém sozinho vai fazer nada." "Eu estou ajudando porque essa é minha experiência de articulador político, mas não sou eu que estou fazendo sozinho, então tem muita gente envolvida. Querem colocar nas minhas costas tudo", disse.
O senador voltou a defender o prazo de quatro anos para retirar o Bolsa Família do teto de gastos. A medida é vista pelo partido como fundamental para garantir a execução de promessas eleitorais. O PT quer, ao menos, R$ 175 bilhões fora do teto de gastos.
Além do valor aprovado fora do teto, o rombo já previsto para o ano é de cerca de R$ 63 bilhões, montante que terá que ser financiado pelo governo, a taxas de juros altas (as expectativas são de que a Selic, hoje em 13,75%, se mantenha nesse patamar ao menos até meados de 2023)
"O prazo de quatro anos é nosso desejo. Mas nem sempre na democracia você sai com seu desejo atendido", destacou. Ao ser perguntado sobre se dois anos era um prazo razoável, ele brincou: "entre um e quatro, tem dois e três."
O senador e Lula se reúnem nesta sexta-feira (25) em São Paulo para discutir o quadro geral da PEC.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a cúpula do Congresso Nacional e lideranças partidárias concluíram que a só tem chances de ser aprovada se tiver um prazo máximo de dois anos.
A visão do PT é que, se as discussões caminharem em direção a uma desidratação ainda maior quanto ao prazo, com duração de um ano, o esforço já não valeria mais a pena porque o governo eleito poderia buscar maneiras mais fáceis de executar as despesas.
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