RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em reunião com a direção da Petrobras nesta terça-feira (8), a equipe que coordena a transição para a área energética do novo governo foi informada que a estatal espera concluir até o fim do ano mais cinco processos de vendas de ativos que estão em fase final de negociações.

Outros 50 processos ficarão para reavaliação da próxima gestão da estatal, como queria a equipe de transição.

Em reunião nesta quarta, a equipe do governo eleito também questionou o orçamento da estatal para as áreas de transição energética e para a busca por novas reservas de petróleo.

Os integrantes do grupo de transição haviam pedido à diretoria da Petrobras que suspendesse as negociações para venda de ativos, alegando que falta pouco tempo para a mudança de governo. Exceções seriam processos em fase avançada de negociações.

Logo após o pedido, a Petrobras anunciou o fechamento de duas operações: a venda da refinaria de Manaus ao grupo Atem e a venda de 5% do campo de Búzios, a maior reserva de petróleo do país, à chinesa CNOOC.

Os anúncios foram feitos no mesmo dia em que a Petrobras divulgou seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, que prevê arrecadar entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões (R$ 52 bilhões a R$ 104 bilhões) com desinvestimentos.

Os processos que devem ser fechados ainda este ano envolvem a transferência à iniciativa privada de campos de petróleo e gás. Nos últimos anos, a estatal vem se desfazendo de projetos em terra ou águas rasas para focar seus investimentos no pré-sal.

Em nota, o grupo de transição disse apenas que a "venda de partes da empresa ou de negócios que contam com a participação da Petrobras" foi um dos temas da reunião. "A Petrobras forneceu informações sobre as etapas restantes em alguns projetos em curso."

Com relação ao plano de investimentos para os próximos cinco anos, que prevê aportes de US$ 78 bilhões (R$ 410 bilhões), o grupo do governo eleito reforçou questionamentos sobre a estratégia da empresa para a transição energética, que foca apenas a descarbonização das atividades.

Para o novo governo, a diversificação dos negócios, com investimentos em renováveis, "é essencial para assegurar a sustentabilidade da companhia no longo prazo a partir da avaliação de horizontes com novas fontes de energia".

A Petrobras prevê US$ 4,4 bilhões (R$ 23 bilhões) para "fortalecer o posicionamento de baixo carbono", investimentos em biorrefino e pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. A maior parte do dinheiro será destinada a descarbonização.

A empresa definiu que pesquisará oportunidades em energia eólica no mar, hidrogênio e captura de carbono, mas não definiu ainda projetos de investimento nesses segmentos.

O plano prevê cerca de R$ 30 bilhões para a busca de novas reservas de petróleo nos próximos cinco anos. Quase metade deste total será destinado à chamada margem equatorial, litoral que vai do Ceará ao Amapá.

A exploração de petróleo na região, porém, é alvo de protestos de ambientalistas, que temem principalmente danos a corais na área da foz do rio Amazonas, movimento que levou a petroleira francesa Total a vender concessões locais à Petrobras.

As bacias da região Sudeste ficarão também com quase metade dos recursos e uma pequena parcela será destinada a atividades na Colômbia. Para a transição, baixos investimentos em exploração podem levar a um esgotamento rápido das reservas da companhia.


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