BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Cotado para o Ministério da Fazenda do governo eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Haddad se reuniu na manhã desta quinta-feira (8), em Brasília, com o atual ministro da pasta, Paulo Guedes, e definiu uma agenda de trabalho para ter uma visão mais ampla da situação do Ministério da Economia.
A partir da próxima terça-feira (13), Haddad prevê encontros com as Secretarias do Tesouro Nacional, da Receita Federal, entre outras, para ver qual conjuntura o novo governo encontrará no início do mandato.
"A gente precisa sentar com os secretários das pastas para que a gente saiba a rotina de trabalho, as agendas que estavam em curso, o que foi entregue, quais eram as perspectivas futuras de cada secretaria, o que precisa ter continuidade, a matriz de risco sobre problemas que possam ser encontrados no começo do ano", disse.
"Uma transição natural, normal, a gente quer que seja o mais suave possível, com os desdobramentos que todos esperamos para que o Brasil cresça mais", continuou.
De acordo com Haddad, os recentes cortes orçamentários que podem provocar um apagão na máquina pública no fim do atual governo não foram discutidos com Guedes. Áreas como Saúde, Educação, Meio Ambiente e Justiça estão estranguladas, e algumas atividades estão sendo paralisadas.
Na quarta-feira (7), o Ministério da Economia anunciou o remanejamento de R$ 3,3 bilhões em despesas que eram classificadas como obrigatórias para gastos discricionários. Do total, o Ministério da Saúde responde por R$ 2,3 bilhões. Há ainda realocações de R$ 300 milhões nas pastas da Economia, Educação e Cidadania, além de outras mudanças em valores menores.
Mas o petista garantiu que haverá um "esforço" para que não haja descontinuidade de programas essenciais para a população brasileira. "Vamos tomar as providências necessárias", afirmou. Segundo ele, o Congresso é "parte da solução".
Haddad descreveu a conversa com Guedes como "excelente", "cordial", "educada" e "transparente". Em um encontro de 1h30 de duração, o ex-prefeito de São Paulo disse ter falado de "quase todos os assuntos importantes", mas que houve pouco tempo para detalhar as discussões.
"O plano geral de voo foi tratado, tanto daquilo que ele [Guedes] entende como estar legando para o país, quanto aquilo que pretendemos fazer no ano que vem. Esse tipo de conversa é muito importante", afirmou.
Haddad diz ter se reunido com Guedes na condição de integrante do grupo de trabalho de Economia da transição de governo, não de ministeriável quando foi questionado se o encontro havia sido uma solicitação de Lula. O atual ministro da pasta, contudo, já tinha recebido Nelson Barbosa e Guilherme Mello, outros membros da equipe de transição, na sede da pasta no dia 24 de novembro.
"Esse tipo de conversa é muito importante porque você garante que muitos projetos importantes possam ter continuidade, até onde o Congresso avançou na agenda que importa para o estado brasileiro, independentemente de governo", afirmou.
Quanto à PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição, aprovada pelo Senado com prazo de dois anos e impacto de R$ 168 bilhões, Haddad disse que o fato de a solução estar sendo política é o seu maior mérito.
"Quase todos os partidos participaram da aprovação, não houve uma clivagem partidária, justamente porque as pessoas estão compreendendo que o Orçamento do ano que vem não pode ser menor do que o Orçamento deste ano", disse.
A PEC amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões em 2023 e 2024 para o pagamento do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) e libera outros R$ 23 bilhões para investimentos fora do teto em caso de arrecadação de receitas extraordinárias.
O texto seguiu para a Câmara dos Deputados, onde precisará do aval de 308 parlamentas. A expectativa é de que a proposta seja discutida na semana que vem.
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