BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou nesta sexta-feira (9) o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como ministro da Fazenda. Haddad era há semanas apontado como favorito para o posto.
"Ele tem incumbência de montar sua equipe e já começar a apresentar resultados antes de a gente tomar posse", disse Lula em entrevista coletiva no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição.
O presidente eleito disse ainda que a nomeação de Haddad, e dos outros ministros anunciados nesta sexta, ocorreu para que eles já pudessem falar por suas futuras pastas. Depois de ter seu nome oficializado, o futuro ministro da Fazenda afirmou que precisará ter uma equipe plural, mas que a escolha dos integrantes da pasta dependerá da opção feita para o Ministério do Planejamento.
"Tenho de ter uma equipe plural, que vai depender muito da escolha do presidente para a pasta do Planejamento. Preciso combinar com o [futuro] ministro do Planejamento para a gente ter uma equipe coesa", afirmou.
Haddad disse não ter feito convites formais até o momento, mas já ter sondado "muita gente".
A partir de agora, existe a expectativa de que o governo indique nomes com inclinação liberal para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Ministério da Indústria, Comércio e Serviços. Dentro do PT o que, se diz é que, se Persio Arida aceitar, pode ser o titular do Planejamento. Persio, porém, disse à reportagem que não tem intenção de assumir cargos em Brasília.
Em seu discurso, Lula afirmou que espera que Haddad fale do mercado, mas também dos problemas sociais do país. O presidente eleito fez ainda um gesto, dizendo que tem certeza que os ministros, assim que tomarem posse, começarão a "chorar" diante do orçamento apertado. "Vou dizer para eles: fabriquem, arrecadem mais. Economia tem que crescer. Façam a economia crescer, que vai ter mais dinheiro, emprego e salário para todo mundo", disse.
Uma convergência de fatores embasou a escolha do presidente eleito pelo nome de Haddad.
No aspecto político, tanto Lula quanto o PT entendem que a Fazenda precisa ter um nome afinado com as políticas públicas defendidas pelo partido. Ele também tem excelente interlocução com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Foi Haddad quem deu início à aproximação entre Lula e Alckmin para a aliança que, no fim, formou a chapa vencedora da eleição presidencial.
Haddad têm experiência no Executivo. Foi ministro da Educação de 2005 a 2012, nos governos Lula e Dilma Rousseff. E também possui formação para o posto. Professor de ciência política na USP (Universidade de São Paulo), é formado em direito, tem mestrado em economia e doutorado em filosofia.
Um dos principais trunfos a seu favor, no entanto, é o fato de ter um histórico de lealdade que conquistou a confiança de Lula. Haddad foi o substituto do ex-presidente na campanha eleitoral de 2018, quando Lula foi impedido de ser candidato.
Em retrospecto, a escolha de agora parece ter sido definida já naquela época. Em entrevista à agência Reuters, Haddad contou que o ex-presidente o teria escolhido como ministro da Fazenda em caso de vitória naquela disputa. "Não se sabe disso, mas antes de eu ser convidado para ser vice de Lula, eu fui convidado por ele para ser ministro da Fazenda", afirmou Haddad.
A nova função na economia, no entanto, é vista dentro do PT com um teste para ambos, já que, até agora, Haddad foi alguém que trouxe mais soluções que problemas. O cargo de ministro da Fazenda, ironicamente chamado por políticos de 'o pior do mundo', inclui desagradar ao presidente da República em muitos casos.
Haddad já cumpre uma rotina mais afinada com a pasta. Na quinta-feira (8), um dia antes da confirmação, ele se reuniu em Brasília com o atual ministro da pasta, Paulo Guedes, e definiu uma agenda de trabalho para ter uma visão mais ampla da situação do Ministério da Economia.
Na quarta-feira (7), Haddad teve encontro com representantes do Banco Mundial para discutir os investimentos da organização no Brasil, hoje de US$ 5 bilhões.
A partir da próxima terça-feira (13), o ex-ministro da Educação deve manter encontros com as secretarias do Tesouro Nacional e da Receita Federal, entre outras, para aprofundar o diagnóstico sobre o que o novo governo encontrará no início do mandato.
Antes de ser confirmado na Fazenda, Haddad chegou a ser citado como possível ministro de outras pastas relevantes, como Educação, Itamaraty e Planejamento.
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