SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No mesmo dia em que a Bolsa teve forte queda após o anúncio de que o coordenador técnico da transição de governo, Aloizio Mercadante (PT), pode presidir o BNDES, o petista se reuniu nesta segunda-feira (12) com a Febraban para tratar, entre outros temas, do próprio banco de desenvolvimento.
De acordo com a entidade, ele afirmou que não há espaço nas contas públicas para políticas de subsídio do banco de fomento, como as implementadas em gestões anteriores do PT --o temor de que a gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja intervencionista na economia foi um dos principais fatores para a reação do mercado nesta segunda.
Mercadante ser reuniu com o presidente da Febraban, Isaac Sidney, após a cerimônia de diplomação de Lula. Segundo a entidade, ele também disse que o governo não daria empréstimos para projetos no exterior, como em gestões passadas.
Ainda segundo a Febraban, a conversa entre os dois ocorreu com Mercadante na condição de coordenador técnico do grupo de transição, e não como indicado para ocupar algum cargo no governo a partir de 2023.
Rumores que circularam nesta segunda no mercado indicando o nome do petista para a presidência do banco de fomento, com eventuais alterações na Lei das Estatais para permitir a nomeação, foram apontados por agentes financeiros entre as razões que levaram a Bolsa de Valores brasileira a uma queda de cerca de 2% nesta segunda-feira.
Questionado por jornalistas, Mercadante se recusou a responder se será indicado para comandar algum ministério ou estatal no próximo governo.
Entre os pontos abordados no encontro com o presidente da Febraban, Mercadante teria dito que não há espaço fiscal para a reedição de políticas de subsídios adotadas pelo BNDES em governos petistas no passado, em uma possível referência à política das empresas campeãs nacionais.
Ainda de acordo com relatos a respeito do diálogo que ocorreu entre Mercadante e Sidney, o petista teria afirmado também que o BNDES precisa assumir um maior protagonismo nas pautas de descarbonização, transição energética e ecológica da economia, bem como no processo de reindustralização do país.
A busca por investimentos (funding) no setor privado para desafogar as contas públicas e a discussão a respeito de uma espécie de Fundo Garantidor para mitigar o risco de crédito, aos moldes do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) no setor bancário, também foram tópicos apontados pelo petista na conversa com o presidente da Febraban.
Mercadante disse ainda que o BNDES não tem competência para promover alterações na TLP (Taxa de Longo Prazo), taxa de juros utilizada nos projetos financiados pelo BNDES, já que ela decorre de lei aprovada pelo Congresso, e qualquer mudança será precedida de discussão técnica aprofundada.
Na semana passada, ele havia afirmado que talvez haja espaço para alguma flexibilização nas taxas praticadas para os financiamentos de longo prazo.
"A TLP é rígida. Ela não só é muito alta, como ela não é flexível. Então uma ideia que estamos trabalhando é um cardápio de TLPs, em função dos prazos do investimento. É claro que uma taxa de juros de um investimento de cinco anos é completamente diferente de uma taxa de juros para investimentos de 30 anos. O tempo de retorno tem que estar inteiramente relacionado com a taxa de juros que o tomador vai realizar", disse, na entrevista.
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