SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles diz enxergar negativamente a afirmação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que "vai acabar a privatização nesse país".
O petista deu a declaração nesta terça-feira (13), durante anúncio de que o ex-ministro e ex-senador Aloizio Mercadante (PT) será o presidente BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social).
"Ele vai se defrontar com a dificuldade de financiamento para o setor público. Não adianta só querer gastar recursos públicos, investir nas estatais. O problema é que o Tesouro tem déficit, é necessário captar recursos no mercado. Isso vai forçar a taxa de juros para cima, esse é o problema", afirma Meirelles à reportagem.
Em relação à escolha de Mercadante para o BNDES, Meirelles diz que o mercado teme que ele retome a política de subsídios adotada em governos petistas anteriores.
"Tudo bem se ele tiver financiamento disso no mercado. Se não, vai ter que ser financiado pelo Tesouro, o que significa mais deficit público", afirma Meirelles.
Em relação à escolha do ex-banqueiro Gabriel Galípolo para secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Meirelles diz que o importante é que ele esteja alinhado com Fernando Haddad (PT), que será o titular da pasta.
Mas mais importante que o nome de Galípolo, diz, é saber quem serão os secretários do Tesouro e da Política Econômica.
"O mercado esta precificando em relação aos indícios que está vendo. O mercado tem que antecipar, fazer aposta. E está fazendo aposta em situação negativa", afirma Meirelles, sobre as oscilações na Bolsa a partir dos anúncios do novo governo.
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