SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar operava em baixa em relação ao real na manhã desta quinta-feira (22), com investidores digerindo a aprovação da PEC da Gastança em Brasília, aprovada em segundo turno na Câmara em uma versão desidratada.
Nomeações de ministros do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva, bem como de membros da equipe econômica pelo futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também seguem no radar do mercado.
Por volta das 13h10, o dólar à vista recuava 0,59%, a R$ 5,1730 na venda. Na sessão passada, a moeda americana oscilou entre perdas e ganhos ao longo do dia para terminar com uma leve queda de 0,09%, a R$ 5,2040.
Já a Bolsa de Valores oscilava entre perdas e ganhos, perto da estabilidade, com leve alta de 0,02% do Ibovespa, aos 107.461 pontos. Na véspera, o índice marcou uma valorização modesta de 0,53%, com destaque para a forte alta acima de 20% das ações da resseguradora IRB.
Apesar da aprovação da PEC, a incerteza que ainda paira sobre a condução da política fiscal em 2023 mantém os investidores com um tom maior de cautela.
"Nosso time de economia avaliou as mudanças como positivas, mas destaca que o impacto fiscal ainda é bastante elevado", disseram os analistas da XP Investimentos em relatório, no qual lembram que as regras valerão por um ano, e não dois como inicialmente previsto, e considera um adicional de R$ 145 bilhões no orçamento de 2023, garantindo o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 e um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos.
O projeto ainda deve possibilitar outros investimentos de R$ 23 bilhões fora do teto de gastos.
"Muito se fala a respeito do prazo da licença para gastar, que fora reduzido de dois para um ano. Contudo, seguem ignorando o fato de que em seis meses o executivo terá que apresentar uma nova âncora fiscal, que substituirá o teto, e poderá ser aprovado por lei complementar. Em outras palavras, não se precisará de licença para gastos fora do teto se o teto não existirá em seis meses, extinto por uma lei complementar, muito mais fácil do que uma emenda a constituição", afirmaram os analistas da Ativa Investimentos.
Entre as maiores altas de quarta na Bolsa, as ações da resseguradora IRB saltaram 25%, depois de a companhia ter divulgado lucro líquido de R$ 6,4 milhões em outubro, revertendo o prejuízo de R$ 84,8 milhões no mesmo período do ano passado. Já no acumulado do ano, a empresa acumula prejuízo de R$ 585 milhões.
Apesar da forte alta, "ainda não vemos sinais claros para uma recuperação do IRB no curto prazo", disse o analista Gabriel Gracia da Guide Investimentos.
Também entre os destaques do pregão estiveram as ações do setor de saúde, com alta de 6,1% da SulAmérica, valorização de 4,5% da Rede D´Or e de 1,2% da Qualicorp.
Na segunda-feira (19), a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) aprovou a compra da seguradora SulAmérica pelo grupo de saúde Rede D'Or, mas impôs restrições quanto à Qualicorp. A Rede D'Or tem uma fatia de cerca de 29% na Qualicorp.
Segundo o analista da Guide, o mercado tinha o receio de a ANS ou o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) imporem algum tipo de restrição que poderia levar a uma redução da participação da Rede D´Or na Qualicorp como forma de evitar algum potencial conflito de interesses.
A saída encontrada pela ANS que acalmou o mercado foi exigir que o representante da Rede D?Or no conselho da Qualicorp se abstenha de votar em assuntos referentes à SulAmérica, e que não haja nenhuma comercialização exclusiva de planos de saúde da SulAmérica pela Qualicorp ou vice-versa, afimou Gracia.
No caso das estatais, os papéis preferenciais da Petrobras tiveram alta de 2,1%, em um dia de alta do petróleo no exterior, enquanto os do BB (Banco do Brasil) avançaram 0,8%.
Futuro presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Aloizio Mercadante anunciou nesta quarta o nome de sete diretores que ocuparão postos no banco, incluindo três mulheres. Ex-presidente do BB, Alexandre de Abreu está entre os indicados.
Nas Bolsas dos Estados Unidos, os principais índices de ações ensaiaram um dia de ganhos mais expressivos, após terem fechado em leve alta na terça, com valorização de 1,5% do S&P 500, ganhos de 1,54% do Nasdaq e de 1,6% do Dow Jones.
Vindo de uma trajetória recente de quedas na esteira de sinalizações transmitidas pelos bancos centrais indicando um cenário à frente com novas altas de juros para combater a persistente pressão inflacionária, as ações nos EUA ganham força após números fortes reportados pela Nike.
Os papéis da gigante de eventos esportivos subiram cerca de 12%, após a companhia reportar na terça um aumento de 17% nas vendas no trimestre encerrado em novembro, com o comércio aquecido com as vendas de final de ano, o que contribui para altas de outros papéis do setor ?as ações da Adidas e da Puma avançaram aproximadamente 6%.
Também tiveram alta expressiva a ação da FedEx Corp, com ganhos em torno de 3,5%, após a apresentação pela empresa de entregas de cortar custos adicionais no valor de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões).
A FedEx viu as ações tombarem em meados de setembro, depois de ter sofrido uma rápida queda nos volumes de embarque à medida que as tendências macroeconômicas pioraram nos EUA por causa do aumento dos juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).
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