SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As críticas do BTG ao 3G Capital, o "saldão" da Tesla, o pessimismo dos CEOs com o futuro de seus negócios, a aposta de operadoras de telefonia na energia solar e outros destaques da economia nesta terça-feira (17).

AS CRÍTICAS DO BTG AO 3G CAPITAL

O BTG Pactual foi o primeiro credor da Americanas a recorrer da decisão de sexta (13) que protege a varejista por 30 dias contra o vencimento antecipado de dívidas.

A petição enviada pelos advogados do banco ao TJ-RJ afirma que uma fraude gerou as ?inconsistências? de R$ 20 bilhões e também tem como alvo o 3G Capital, fundo dos bilionários Lemann, Telles e Sicupira, trio que até 2021 era o controlador e hoje é o principal acionista da companhia.

Trechos do documento:

- "Os três homens mais ricos do Brasil (com patrimônio avaliado em R$ 180 bilhões), ungidos como uma espécie de semideuses do capitalismo mundial ?do bem?, são pegos com a mão no caixa daquela que, desde 1982, é uma das principais companhias do trio"

- "Dois dias depois, têm a pachorra de vir em Juízo pedir uma tutela cautelar, preparatória de uma recuperação judicial, para impedir os credores de legitimamente protegerem o seu patrimônio à luz da maior fraude corporativa de que se tem notícia na história do país".

- "É o fraudador travestindo-se como o menino da antiga anedota forense, que, após matar o pai e a mãe, pede clemência aos jurados por ser órfão."

OUTRO LADO

em nota, a Americanas disse que "segue acreditando na proteção da medida cautelar e no compromisso dos credores de retornarem com uma proposta. A Americanas apontará em breve a sua equipe de negociação com os credores".

A REAÇÃO DO MERCADO

A decisão que protegeu a varejista dos credores pegou mal entre os investidores, com os analistas considerando que a negociação entre os dois lados deve ficar cada vez mais difícil.

As ações da Americanas despencaram 38,41% nesta segunda, e terminaram cotadas a R$ 1,94.

'SÃO R$20 MILHÕES?'

Quando dois executivos do grupo apresentaram um relatório para Sergio Rial, então CEO da companhia, mostrando o que parecia um erro nos lançamentos contábeis, Rial não captou a ordem de grandeza: "Ah, são R$ 20 milhões", reagiu, segundo interlocutores.

- Os auxiliares então repetiram a cifra real: "Não, são R$ 20 bilhões". Rial mandou parar tudo e chamou a equipe emergencialmente, incluindo o diretor de relações com investidores à época, André Covre, informa o repórter Julio Wiziack.

Nesta segunda, Rial foi substituído pela Rothschild na tarefa de negociar com credores. Ele, que também é presidente do conselho do Santander Brasil, segue como assessor do trio de bilionários do 3G.

O 'SALDÃO' DA TESLA

Depois de não ter atingido sua ousada meta de aumentar em 50% a venda de veículos no ano passado ?alcançou 40%?, a Tesla começou 2023 com descontos agressivos nos EUA, China e Europa.

EM NÚMEROS

A montadora optou por cortar os preços dos seus veículos em até 20%, numa tentativa de aquecer a demanda por seus carros elétricos.

Nos EUA, o preço de uma versão do Model 3, seu carro-chefe, caiu 14%, para US$53.990 (R$ 275 mil), enquanto o Model Y, outro modelo bem cobiçado, recuou quase 20%, para US$52.990 (R$ 270 mil). Os valores não incluem impostos e outras taxas.

Na China, onde os preços caíram até 24% em relação a setembro, donos de veículos comprados no ano passado protestaram em frente a concessionárias da montadora na primeira semana deste ano, exigindo benefícios ou crédito após os descontos. A Tesla negou.

O QUE EXPLICA

A estratégia de reduzir preços não é incomum no mercado automotivo, mas a montadora do bilionário Elon Musk não adotava tal medida há quase dois anos.

Se até o início de 2022 a empresa não conseguia dar conta da demanda dos clientes, agora ela tenta reaquecer a procura por seus veículos elétricos em meio a inflação e juros altos ?Musk culpa o Fed pelo freio na procura.

Só isso, porém, não explica. A concorrência também cresceu, e no primeiro semestre do ano passado, a montadora viu a chinesa BYD superá-la no posto de líder global de vendas de veículos elétricos.

Em 2022, segundo levantamento noticiado nesta segunda pelo Wall Street Journal, as vendas de veículos elétricos atingiram 10% da comercialização total de carros pela primeira vez na história.

A demanda foi impulsionada principalmente pelo crescimento nos mercados da China (alta de 19%) e da Europa (11%).

OPERADORAS QUEREM COMPETIR COM ELÉTRICAS

A popularização da energia solar no Brasil, que se tornou a segunda fonte maior fonte da matriz nacional em meio à corrida por subsídio, atraiu a atenção de grandes operadoras do setor de telecomunicações.

Gigantes como Claro e Oi já têm projetos em andamento, enquanto a TIM deve estrear neste ano. Para concorrer com as companhias elétricas, elas apostam em um modelo de "assinatura solar".

ENTENDA

Nesse formato, os clientes abatem no valor da energia elétrica os créditos que são gerados em uma usina solar remota, chamada de "geração distribuída compartilhada".

Dessa forma, eles têm acesso ao desconto sem precisar instalar painéis solares em casa.

As operadoras apostam em seus diferenciais para crescer no setor e fidelizar o cliente. É citada a possibilidade de ofertar bônus e descontos em outros serviços, como dados de internet e telefonia, além de ter uma marca forte para trazer credibilidade ao serviço.

OS PLANOS DE CADA UMA:

A Claro Energia oferece serviço aos clientes de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, e promete 10% de economia em relação à tarifa de energia do mercado regulado, o convencional.

A Oi ingressou no mercado em Minas Gerais, mas já projeta expansão.

A TIM está se preparando para estrear neste ano, em parceria com outra empresa, que resultará em uma nova marca.

PESSIMISMO BATE NOS CEOs

Para 39% dos CEOs no mundo (e 33% no Brasil), as empresas que dirigem serão economicamente inviáveis daqui a dez anos caso não haja grandes mudanças.

O estudo feito pela consultoria PwC é divulgado anualmente no encontro do Fórum Econômico Mundial, em Davos. O levantamento deste ano ouviu mais de 4.400 altos executivos de uma centena de países.

O QUE EXPLICA

Entre as preocupações dos executivos acerca do futuro do negócio que tocam, estão o contexto de alta inflação e reordenação das cadeias produtivas depois dos gargalos gerados na pandemia.

Tensões políticas como reflexo da guerra na Ucrânia e a cibersegurança também assustam.

Em números: 73% dos CEOs afirmam esperar desaceleração da economia global neste ano, numa amostra de como o pessimismo tomou lugar do otimismo do começo do ano passado.

Na pesquisa anterior, quando o processo de forte alta de juros não estava no radar, 77% esperavam aceleração da economia.

Otimismo: 2 em cada 3 (66%) executivos brasileiros dizem crer em aceleração da economia nacional. A visão positiva em relação ao país também encontra eco em outros emergentes, como chineses (64% otimistas) e indianos (57%).

O QUE ESTÁ ACONTECENDO EM DAVOS

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, declarou no painel de abertura que o governo Lula está comprometido com "desmatamento zero, proteção dos povos indígenas, democracia e sustentabilidade".

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo não vai revogar a redução do IPI, num sinal à indústria.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que considera viável vender a Sabesp até o final de 2024, em um modelo parecido com o da Eletrobras.


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