RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) teve alta de 0,55% em janeiro, informou nesta terça-feira (24) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado veio acima das expectativas do mercado financeiro. Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço de 0,51%, após a variação de 0,52% em dezembro.

Em 12 meses, o índice acumulou inflação de 5,87% até janeiro. Nesse recorte, a taxa era de 5,90% na divulgação anterior.

O IPCA-15 de janeiro (0,55%) ficou abaixo do registrado em igual período de 2022 (0,58%). Na comparação com diferentes meses, o resultado mais recente é o maior desde junho do ano passado (0,69%).

O índice oficial de inflação do Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também divulgado pelo IBGE.

Como a variação do IPCA é calculada ao longo do mês de referência, o dado de janeiro ainda não está fechado. Será conhecido no dia 9 de fevereiro.

O IPCA-15, pelo fato de ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para os preços. Sua variação é calculada entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação.

Neste caso, a coleta dos preços ocorreu de 14 de dezembro de 2022 a 12 de janeiro de 2023.

CUIDADOS PESSOAIS E ALIMENTOS PRESSIONAM ÍNDICE

Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta neste mês. Os maiores impactos no IPCA-15 vieram de saúde e cuidados pessoais (1,10%) e alimentação e bebidas (0,55%).

Os dois segmentos responderam por 0,14 ponto percentual e 0,12 ponto percentual, respectivamente.

O grupo saúde e cuidados pessoais, suscetível a promoções da Black Friday, acelerou de dezembro (0,40%) para janeiro (1,10%) com a alta de higiene pessoal (1,88%). O IBGE destacou os avanços do perfume (4,24%) e dos produtos para pele (3,85%).

Já os planos de saúde (1,21%) repetiram a variação do mês anterior, refletindo a fração mensal dos reajustes dos contratos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023.

Apesar de ter pressionado o IPCA-15, o grupo alimentação e bebidas mostrou uma variação menor em janeiro (0,55%) do que em dezembro (0,69%).

Os alimentos para consumo no domicílio subiram 0,61% neste mês. Houve influência da batata-inglesa (15,99%), do tomate (5,96%), do arroz (3,36%) e das frutas (1,74%).

Do lado das quedas, os destaques vieram da cebola (-15,21%) e do leite longa vida (-2,04%).

A cebola, contudo, ainda acumulou disparada de 92,88% em 12 meses. É a maior alta entre os 367 subitens pesquisados. A batata-inglesa (64,94%) veio na sequência do acumulado.

Comunicação foi o grupo com a maior variação de preços em janeiro: 2,36%. O impacto desse segmento no IPCA-15 foi de 0,11 ponto percentual.

O resultado foi influenciado pela alta da TV por assinatura (11,78%), do combo de telefonia, internet e TV por assinatura (3,24%), do acesso à internet (2,11%) e do aparelho telefônico (1,78%).

Os demais grupos ficaram entre a variação de 0,17%, registrada por transportes e habitação, e o avanço de 0,57%, das despesas pessoais.

O segmento de transportes desacelerou de dezembro (0,85%) para janeiro (0,17%) com a queda dos combustíveis (-0,58%). Os preços do etanol subiram 0,51%, mas houve baixas no óleo diesel (-3,08%), na gasolina (-0,59%) e no gás veicular (-0,40%).

A Petrobras, porém, aumentará o valor da gasolina nas refinarias nesta quarta (25), segundo anúncio da companhia nesta terça. O avanço tende a gerar reflexos sobre o IPCA a partir do final de janeiro.

Com o reajuste, o preço médio do combustível para as distribuidoras passará de R$ 3,08 para R$ 3,31. O aumento é de R$ 0,23 por litro.

Segundo Rafaela Vitoria, economista-chefe do banco Inter, o anúncio da Petrobras deve gerar uma alta aproximada de 0,2 ponto percentual no IPCA, mais concentrada em fevereiro.

Em relatório, a economista avalia que isso "deve manter a variação do índice pressionada no próximo mês, que é marcado pelos reajustes de educação."

INFLAÇÃO ACIMA DA META

No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 está acima da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) para o IPCA neste ano.

O centro da medida de referência é de 3,25%. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para cima (4,75%) ou para baixo (1,75%).

A alta prevista pelo mercado financeiro para o IPCA subiu para 5,48% no acumulado de 2023, de acordo com o boletim Focus publicado na segunda (23) pelo BC.

Se o avanço for confirmado, este será o terceiro ano consecutivo de estouro da meta.

As expectativas do mercado foram elevadas nas últimas semanas com o temor de expansão de gastos no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para Rafaela Vitoria, do Inter, o cenário inflacionário ainda dificulta o início de um ciclo de cortes nos juros básicos, atualmente em 13,75% ao ano, por parte do BC.

"As expectativas de inflação continuam em alta, tanto pela pesquisa Focus como pela implícita nas taxas de juros do mercado, e devem manter o BC atento nas próximas reuniões, sem espaço para discussão do início do afrouxamento monetário por enquanto", disse a economista.

Em relatório, o Itaú Unibanco destacou que o IPCA-15 de janeiro trouxe um "viés altista" para o IPCA.

"O viés altista para a projeção do ano, atualmente em 5,8%, é de aproximadamente 0,15 p.p. [ponto percentual]", indicou.


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