SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O bilionário indiano Gautam Adani, considerado o quarto homem mais rico do mundo pela Forbes, viu suas empresas perderem quase US$ 11 bilhões em valor de mercado, depois que elas foram acusadas de fraude nesta quarta-feira (25). Com US$ 119 bilhões de patrimônio, ele é o homem mais rico da Ásia.
A acusação foi feita pela americana Hindenburg Research, que disse que as empresas do Adani Group fizeram uso inapropriado de paraísos fiscais e possuem endividamento excessivo, o que colocaria os negócios do grupo indiano em "situação financeira precária".
Segundo a Hindenburg, a investigação foi feita ao longo de dois anos e ouviu dezenas de pessoas, incluindo ex-executivos do Adani Group. A Hindenburg Research atua com vendas a descoberto e é especializada em investigar fraudes corporativas que possam afetar investimentos.
O relatório diz que cinco empresas do grupo possuem alto risco de falta de liquidez no curto prazo e que sete delas possuem mais dívidas do que valor de patrimônio. Em uma delas, de energia, os débitos superam o patrimônio em mais de 2.000%. Também fez um alerta de que uma grande fatia das posses das empresas está sendo usada como garantias em empréstimos.
Em 31 de março de 2022, o Adani Group reportou ter dívida bruta de 2,2 trilhões de rúpias (R$ 14 bilhões), alta de 40% em relação ao ano anterior.
Jugeshinder Singh, diretor financeiro do Adani Group, disse que a companhia ficou chocada com o relatório, que chamou de "combinação maliciosa de desinformação seletiva e alegações sem base e desacreditadas". Também disse que não foi procurada pela Hindeburg para mostrar dados que refutam as acusações.
O Adani Group também afirmou que a Hindeburg faz um ataque de forma calculada, pouco antes de um movimento importante. Na sexta (27), a Adani Enterprises, parte do conglomerado, lançará uma oferta secundária de ações, que tem como objetivo captar US$ 2,5 bilhões.
As revelações derrubaram o valor das ações do grupo. Juntas, as sete empresas listadas perderam US$ 10,73 bilhões em valor de mercado nesta quarta.
Adani, 61, é o homem mais rico da Índia e tem fortuna estimada em US$ 119 bilhões. Ele enriqueceu com negócios de energia elétrica e distribuição de gás, e vem expandindo sua atuação para as áreas de cimento e mídia. Ele é próximo do premiê Narendra Modi: os dois nasceram na mesma cidade.
Suas empresas tiveram forte crescimento nos últimos três anos, e atingiram cerca de US$ 179 bilhões. A fortuna de Adani só é superada por Bernard Arnault, do grupo de marcas de luxo LVMH, Elon Musk, dono da Tesla e Twitter, e Jeff Bezos, da Amazon.
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