SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Credores da Americanas, financiamentos do BNDES no exterior, cibercrimes e outros destaques do mercado nesta quinta-feira.

**OS CREDORES DA AMERICANAS**

Os credores da Americanas A Americanas entregou nesta quarta (25) sua lista de credores à Justiça, com 7.967 nomes e débitos no valor de R$ 41,2 bilhões.

Em números: do total, R$ 41 bilhões são devidos à classe quirografários (crédito sem garantia), R$ 109,5 milhões à classe de microempresas e empresas de pequeno porte, e R$ 64,8 milhões à classe trabalhista.

- Veja abaixo os maiores credores da companhia. Bancos vão atrás dos bilionários: a relação entre as instituições credoras da varejista e o trio Lemann, Telles e Sicupira, acionistas de referência da companhia, fica cada dia mais tensa.

Bradesco, Safra e Santander foram à Justiça para solicitar documentos e tentar reunir provas de fraude na companhia.

- Na visão dessas instituições, isso abriria caminho para que os bilionários -e ex-administradores- paguem as dívidas da Americanas do próprio bolso.

- Em um processo de recuperação judicial, os débitos de uma companhia costumam ter um grande desconto, alternativa rejeitada pelos bancos, que têm reiterado que uma fraude levou a empresa a essa situação.

Outro lado: em comunicado, os sócios afirmam desconhecimento sobre as falhas contábeis. Disseram-se vítimas, como os demais acionistas da empresa, e se comprometeram com o processo de recuperação da companhia.

- Nesta quinta, o BTG conseguiu manter bloqueado R$ 1,2 bilhão da Americanas, até que seja definida a competência -na arbitragem ou RJ- para analisar a questão na Justiça.

Os principais credores da Americanas:

Bancos: a instituição apontada como maior credora, com débitos de R$ 5,2 bilhões, é o Deutsche Bank, mas o banco é apenas um custodiante de títulos de dívida da Americanas detidos por investidores no exterior.

- Na sequência, vêm Bradesco (R$ 4,5 bilhões), Santander Brasil (R$ 3,6 bilhões), BTG Pactual (R$ 3,5 bilhões), Itaú Unibanco (R$ 2,7 bilhões), Safra (R$ 2,5 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 1,36 bilhão).

- O BV (Votorantim) também é citado na lista, com dívidas de R$ 3,3 bilhões, mas a instituição disse que a exposição é bem menor, com crédito de R$ 206 milhões.

- Dos 20 maiores credores da Americanas, só 3 não são do setor financeiro: Samsung (R$ 1,2 bilhão), Nestlé Brasil (R$ 259,3 milhões), e Philco Eletrônicos (R$ 197,3 milhões).

Opinião: Tomar dinheiro de acionistas é só uma batalha na guerra da Americanas, escreve Vinicius Torres Freire.

**BNDES E OS FINANCIAMENTOS NO EXTERIOR**

A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o BNDES poderia voltar a financiar projetos brasileiros no exterior retomou o debate acerca dos empréstimos -e calotes sofridos- pelo banco de fomento a países aliados em gestões antigas do PT.

Entenda: os empréstimos no centro da polêmica são os da política classificada pelo banco como exportação de bens e serviços brasileiros de engenharia.

- Pela iniciativa, os recursos eram destinados a companhias brasileiras, em reais, e os países importadores assumiam as dívidas. O pagamento deveria ser feito com juros, em dólar ou euro.

- Quando há inadimplência, o BNDES aciona a estrutura de garantias que permite o ressarcimento via FGE (Fundo de Garantia à Exportação), alimentado com recursos do Tesouro Nacional -ou seja, do contribuinte.

- Em números: o BNDES desembolsou cerca de US$ 10,5 bilhões entre 1998 e 2017 para a realização de projetos em 15 países. A maior parte, 88% do total, foi de 2007 a 2015.

- Até setembro do ano passado, o banco havia recebido de volta US$ 12,8 bilhões, entre parcela principal dos empréstimos e juros. E a inadimplência? Somados, três países acumulavam US$ 1 bilhão em calotes (dados de setembro):

- A Venezuela tinha cerca de US$ 682 milhões em atraso, com US$ 641 milhões indenizados pelo FGE.

- Cuba registrava cerca de US$ 227 milhões em inadimplência. Desses, US$ 41 milhões não haviam sido indenizados.

- Moçambique tinha US$ 122 milhões em atraso e já indenizados pelo fundo do Tesouro.

- Hoje, essa operação está suspensa pelo BNDES. O banco afirmou que não tem demanda ou previsão de financiar serviços de infraestrutura no exterior, ressaltando que os atuais esforços são no sentido de alavancar especificamente a exportação de produtos e bens.

Opinião: Lula acertou sobre o BNDES, apesar de ter errado, escreve o colunista Rodrigo Tavares.

**BOLSA NA MÁXIMA E DÓLAR NA MÍNIMA DE 2023**

Impulsionados pela enxurrada de dinheiro gringo, a Bolsa fechou esta quarta na máxima do ano e o dólar na mínima desde novembro de 2022.

Em números: o Ibovespa subiu 1,10%, a 114.270 pontos, enquanto o dólar fechou em baixa de 1,22%, a R$ 5,079.

O que explica:

Fed: o banco central americano se reúne para decidir a taxa de juros na próxima semana, e a expectativa do mercado é de uma nova queda no ritmo de aperto monetário.

- O cenário tira força do dólar e beneficia ativos considerados mais arriscados.

- Bolsa brasileira "barata": os ativos daqui também se beneficiam de uma expectativa pela queda da Selic neste ano e de um melhor desempenho da economia chinesa, que deve valorizar as commodities.

Mais sobre empresas da Bolsa:

A Tesla divulgou seus resultados fechados de 2022, com lucro de US$ 3,7 bilhões no último trimestre e US$ 12,6 bilhões no ano, ante US$ 5,5 bi em 2021. As ações subiram 5% no pós-mercado.

O CEO Elon Musk disse que a estratégia da companhia de reduzir o preço dos seus carros tem surtido efeito e que a demanda está quase duas vezes superior ao ritmo de produção.

**CIBERCRIMINOSOS FICAM MAIS SELETIVOS**

Em 2022, os cibercriminosos passaram a ser mais seletivos e priorizaram ataques com maior potencial de retorno, como empresas e entidades governamentais de países em desenvolvimento.

Essa é uma das razões apontadas para uma queda de 12% nas detecções de malware em relação a 2021, em levantamento da Kaspersky, empresa especializada em cibersegurança.

- Outro motivo é a preparação das empresas para se defender do ramsonware, roubo de dados que disparou durante a digitalização forçada pela pandemia. Considerado como um dos cibercrimes mais rentáveis, ele se caracteriza pelo bloqueio de sistemas e a posterior cobrança de um resgate.

- No Brasil, os criminosos aproveitaram para mirar o protagonismo em fraudes bancárias além das terras nacionais.

Um dos grupos mais especializados nessa frente é o Prillex, que está por trás do golpe da compra fantasma, aquele que desvia o dinheiro da compra sem que a loja e o cliente percebam.

- Ataques no metaverso: entre especialistas de segurança da informação lá fora, as ameaças mais prováveis em ambientes de metaverso envolvem cibercrimes mais usuais, como phishing e ransomware, mas também outros específicos.

É o caso da personificação de outras pessoas ao clonar sua voz e outras características em avatares e de ataques que colocam uma "pessoa invisível" escutando conversa, também chamados de "pessoa na sala".


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