RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - As empresas de auditoria EY e Deloitte recusaram pedido da Justiça de São Paulo para periciar computadores de executivos da Americanas para produção de provas na ação movida pelo Bradesco contra a varejista, hoje em recuperação judicial.

As duas alegaram conflito de interesses. A EY disse à Justiça que já havia sido contratada pela Americanas para compor comitê independente de investigações sobre a crise. A Deloitte disse apenas que segue "diretrizes internas".

A EY havia sido a primeira indicada pela juíza Andréa Galhardo Palma, da 2a Vara Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo, para acompanhar a diligência nos computadores da varejista. Indicada como perita do caso, a advogada Patrícia Punder aceitou a missão.

A juíza autorizou buscas em todas as caixas de email institucional dos diretores, integrantes do Conselho de Administração e do Comitê de Auditoria e funcionários das áreas de contabilidade e de finanças ?tanto dos atuais quanto daqueles que ocuparam esses cargos nos últimos dez anos.

A Americanas recorreu da decisão, alegando que o caso já vem sendo investigado por autoridades competentes e que a auditoria nos emails gera o risco de vazamento para a imprensa da intimidade de terceiros não relacionados ao caso.

Em resposta ao recurso, os advogados que representam o Bradesco alegou que "a Americanas foi palco para uma das maiores fraudes contábeis da iniciativa privada" e pediu que o pedido fosse negado pela juíza.

Os emails também são alvo da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que abriu uma série de processos para investigar a crise na varejista. Dois deles já se tornaram inquéritos, o que representa um avanço nas apurações.

Eles investigam o uso de informação privilegiada na venda de ações da companhia antes do estouro da crise e irregularidades contábeis na empresa.

Minoritários questionam se as operações foram feitas já com conhecimento sobre a real situação da companhia, que veio à tona no dia 11 de janeiro, quando o então presidente Sergio Rial anunciou "inconsistências contábeis" no valor de R$ 20 bilhões.


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