CARTAGENA, COLÔMBIA (FOLHAPRESS) - A Avianca passa a oferecer mais ligações diretas entre Brasil e Colômbia neste início de 2023, como parte de uma estratégia para atrair mais passageiros enquanto avança na união com a brasileira Gol.

Em janeiro, foi inaugurada a rota São Paulo a Cartagena, que conecta as duas cidades em 6h30min. Os bilhetes custam a partir de R$ 1.031 por trecho.

A partir de março, haverá voos diretos de Belo Horizonte e Manaus para Bogotá. A Avianca também liga a capital colombiana a São Paulo e Rio de Janeiro. Ao todo, são 40 frequências semanais entre os dois países.

A nova ligação saindo de São Paulo tem atualmente três voos semanais em cada sentido. Depois de março, a frequência deve cair para dois. Na ida para a Colômbia, o voo parte de Guarulhos às 5h45. O horário é um pouco ingrato, pois é preciso chegar de madrugada no aeroporto.

Ao fim da viagem, no entanto, ainda serão 10h30 da manhã em Cartagena, o que permite aproveitar boa parte do dia lá. O pequeno aeroporto local fica a cerca de meia hora de carro da zona hoteleira e do centro histórico.

A empresa espera que Cartagena passe a atrair mais brasileiros que buscam conhecer o Caribe, especialmente porque o México, que também oferece praias com águas de tom azul claro, passou a exigir visto de turistas brasileiros em agosto de 2022. A Colômbia não pede nem passaporte: o RG brasileiro é aceito nas fronteiras.

A Avianca está em um momento de retomada, depois de passar por um processo de recuperação judicial, iniciado em 2020. A empresa chegou a ter US$ 7,3 bilhões em dívidas em 2019, segundo a agência Reuters, e ficou em situação insustentável com a pandemia, que paralisou o setor aéreo.

A Avianca colombiana não tem relação direta com a Avianca Brasil, que teve falência decretada em 2020 e deixou de operar. A unidade brasileira era controlada pelos mesmos donos colombianos, mas tinham operações separadas.

"2022 foi um ano de transição, de muitas mudanças, e 2023 deverá ser de consolidação. Estamos avançando para uma Avianca mais democrática", diz Gustavo Esusy, diretor comercial da empresa para os países do Mercosul.

No ano passado, a empresa transportou 24,6 milhões de clientes e somou 129 rotas, que conectam 24 países nas Américas e na Europa. Fora do Brasil, a empresa lançou outras 30 rotas diretas, para atrair passageiros que evitam conexões.

Um símbolo da mudança está nas poltronas: as aeronaves estão deixando de ter uma classe executiva. Com isso, haverá alguns assentos premium, outros poucos chamados de economy plus, com mais espaço para as pernas, e os demais assentos, agora com poltronas mais finas. Assim, cabem mais lugares no avião, o que reduz custos e pode ajudar a baixar preços.

Outro sinal de que a Avianca ruma para o modelo de baixo custo é a falta de serviço de bordo: apesar do voo SP-Cartagena durar mais de seis horas, comes e bebes precisam ser pagos à parte. Um sanduíche de queijo e presunto custa US$ 5,50 (cerca de R$ 28). Uma água de 600 ml sai por US$ 1,50 (R$ 7,60).

Em 2022, a Avianca assinou um acordo com a Gol para criar a Abra, uma holding que juntará as operações da duas marcas. "O acordo já foi aprovado pelos governos e em breve teremos mais novidades", diz Esusy.

A junção busca reduzir custos ao comprar insumos e ampliar possibilidades. As duas empresas concorrem em poucas rotas, e a união delas potencializa a malha: a Gol tem muitos destinos no Brasil e a Avianca traz conexões para a América Latina, EUA e destinos europeus.

A expectativa é que as duas marcas sigam operando de modo independente. A inspiração para a Abra, que terá sede no Reino Unido, é o grupo IAG, que reúne marcas como Iberia e British Airways, e a KLM Air France, cuja união também manteve duas estruturas separadas.

Gol e Avianca têm trajetórias diferentes: a empresa colombiana é uma das mais antigas do mundo, com 103 anos, enquanto a brasileira foi criada no século 21: suas operações iniciaram em 2001.

Enquanto se une com a Gol, a Avianca tenta fechar outra parceria na Colômbia: com a concorrente Viva, empresa de baixo custo.

Em um negócio um tanto complexo, em abril de 2022, as duas empresas fizeram um acordo para unificar seus direitos econômicos, mas sem que houvesse mudanças na administração e operação das empresas. No entanto, meses depois, a Avianca disse que a situação financeira da Viva estava em perigo, e propôs unificar parte das operações para cortar custos e poder investir na Viva.

O governo colombiano, no entanto, viu risco à concorrência e abriu um processo para analisar se autoriza ou não a integração. Depois de meses de debates, em 18 de janeiro, a Aerocivil (autoridade colombiana de aviação) anulou o caso porque encontrou uma "irregularidade substancial no processo administrativo", não revelada. Com isso, o trâmite teve de recomeçar do zero e não há previsão de conclusão.


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