BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (15) que é necessário haver disciplina fiscal, mas entender que é preciso ter um "olho mais especial no social", em um novo aceno ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ele participou de sessão solene em comemoração dos 130 anos do TCU (Tribunal de Contas da União) no Congresso Nacional.
As declarações foram dadas num momento em que Campos Neto exaltava a parceira com o órgão. "Fiscal com o social que eu acho que é o importante, acho que hoje é o que a gente precisa concentrar. A gente precisa ter uma disciplina fiscal entendendo que precisamos ter um olho mais especial no social. Ele exige escolha e métodos e aí a parceria com TCU é fundamental", afirmou.
"Quanto mais transparente e eficiente o público for, mais apto nós seremos de captar recursos privados e de crescer o país de forma sustentável", seguiu ele.
Esse é mais um aceno do presidente do BC ao governo Lula em meio a uma série de ataques do Executivo federal à atual política monetária.
Em evento no banco BTG Pactual no dia anterior, Campos Neto defendeu que é preciso ter boa vontade com o governo e elogiou sua política econômica.
"O investidor é muito apressado, muito afoito. A gente tem que ter um pouco mais de boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. Tem uma boa vontade enorme do ministro Fernando Haddad [Fazenda] de falar, 'olha, nós temos um princípio de seguir um plano fiscal com disciplina'. Tem um arcabouço que está sendo trabalhado, já foram elaborados alguns objetivos", disse Campos Neto na terça (14).
Na segunda (13), em sua participação do programa Roda Viva, da TV Cultura, Campos Neto afirmou que fará tudo que estiver ao seu alcance para aproximar o BC do governo. Ele também ressaltou o esforço fiscal de Haddad.
Lula e o PT estão em conflito aberto com a autoridade monetária desde que o BC decidiu manter os juros em 13,75% ao ano na última reunião do Copom realizada no início do mês. O diretório nacional do PT aprovou uma orientação para que Campos Neto seja chamado pelas bancadas da legenda para explicar, no Congresso Nacional, a política monetária do BC.
Campos Neto sofreu uma série de ataques de Lula, que chamou os juros de "vergonha", a autonomia do BC de "bobagem" e se referiu ao presidente do BC como "esse cidadão".
Nesta quarta, Campos Neto também falou sobre a importância de não "retroceder nos ganhos institucionais", ainda que sem mencionar a autonomia do BC.
"O avanço nos ganhos institucionais precisam ser mantidos. Os ganhos institucionais que o país teve nos últimos anos são importantíssimos. A gente vê por exemplo ao longo das conversas com investidores quantas vezes é enfatizado cada ganho institucional que o país teve. É muito importante não retroceder nos ganhos institucionais."
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