SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Após o rombo bilionário divulgado no mês passado, o Grupo Americanas anunciou nesta quarta-feira (15) o nome de Leonardo Coelho Pereira para o cargo de novo diretor-presidente.

O anúncio foi feito pela companhia em fato relevante divulgado ao mercado.

"Americanas S.A. informa que o Conselho de Administração aprovou, nesta data, a eleição do sr. Leonardo Coelho Pereira para exercer o cargo de diretor-presidente, com mandato que se inicia nesta data [15 de fevereiro de 2023]", afirma trecho do fato relevante divulgado pela empresa ao mercado.

Pereira já foi sócio da consultoria Alvarez & Marsal, especialista em reestruturação de empresas. Com isso, João Guerra, que ocupava o posto, voltará a atuar como diretor de recursos humanos da Americanas.

A equipe de administração judicial do processo de recuperação da Americanas fez um pente fino e verificou que a dívida total do grupo é de R$ 47,9 bilhões ?R$ 6,6 bilhões a mais que o informado inicialmente? a milhares de credores.

No início do mês, a antiga diretoria das Americanas foi afastada.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

No dia 20 de janeiro, a Justiça aceitou o pedido de recuperação da varejista.

Os principais acionistas das Americanas S.A. ?os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira? disseram que pretendem manter o "bom funcionamento" das lojas, do site e de todas as marcas das quais a empresa é dona, segundo a companhia.

A empresa tem 60 dias para apresentar o seu plano de recuperação judicial e para demonstrar a sua viabilidade econômica, e conseguir a aprovação dos credores.

PROTEÇÃO CONTRA CREDORES NOS EUA

Ainda em janeiro, um juiz de Nova York também aceitou o pedido da Americanas, para a extensão dos efeitos de proteção assegurados em seu processo de recuperação judicial no Brasil, em uma manobra conhecida como Chapter 15.

A Comissão de Valores Mobiliários criou uma força-tarefa para o caso Americanas, com oito processos em andamento. As investigações ocorrem em cooperação com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. A autarquia mantém um canal para receber denúncias em seu site.

Os processos apuram, entre outros pontos: eventuais irregularidades em informações contábeis; possíveis irregularidades na divulgação de notícias, fatos relevantes e comunicados da empresa; e se houve o crime de insider trading, que é quando há a negociação de ações da companhia por quem tem informações privilegiadas.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

O MPF-SP também apura se houve uso de informações privilegiadas. Diretores da empresa venderam mais de R$ 210 milhões em ações da varejista no segundo semestre de 2022, depois que a companhia anunciou a troca de seu presidente.

MINORITÁRIOS E CREDORES

- Entidades que representam acionistas minoritários buscaram a Justiça e a B3 (Bolsa) para pedir indenizações da empresa e dos acionistas de referência, os três bilionários que também são donos da gestora 3G Capital.

- Grandes bancos querem obrigar o trio de acionistas a ressarci-los com seu patrimônio pessoal. Para isso, buscam meios para provar que houve fraude na varejista.

- O Bradesco foi à Justiça para pedir o armazenamento de e-mails de diretores, membros do conselho de administração e funcionários da área de contabilidade da empresa. A Justiça aceitou o pedido.


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