SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa apresenta queda e o dólar está em alta no início da tarde desta sexta-feira (24). O mercado brasileiro segue de perto a tendência em Nova York, com um cenário de inflação ainda alta tanto aqui quanto nos Estados Unidos. Para analistas, os juros nos dois países devem continuar altos por mais tempo.

Por volta das 13h00 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em baixa de 1,61%, a 105.857 pontos. O dólar comercial à vista subia 1,08%, a R$ 5,193.

A reação aos dados de inflação aparece também no mercado de juros, especialmente nos vencimentos mais longos. Para janeiro de 2024, os contratos saíam de 13,38% do fechamento desta quinta-feira (23) para 13,45%. No vencimento em janeiro de 2025, a taxa subia de 12,61% para 12,75%. Para janeiro de 2027, os juros passam de 12,87% para 12,99%.

O IPCA-15 ?referência para o regime de metas de inflação que mede os preços entre os dias 16 do mês anterior e 15 do atual? subiu 0,76% em fevereiro, acelerando após alta de 0,55% em janeiro. O resultado ficou acima da expectativa de economistas ouvidos por Reuters e Bloomberg, de alta de 0,72%.

Segundo Lara Rates, chefe de câmbio da One Investimentos, o resultado acima do esperado colabora para a postura mais cautelosa dos investidores no pregão desta sexta-feira.

Em 12 meses, a inflação desacelerou de 5,87% até janeiro para 5,63% até fevereiro. No mês, o item educação foi o que mais contribuiu para o índice, com alta de 6,41% na comparação com janeiro.

Para a agência Bloomberg, Marco Caruso, economista chefe do Banco Original, afirma que o Banco Central terá um desafio adicional para controlar a inflação, com a reoneração dos combustíveis. O fim da isenção de alguns impostos está previsto para o dia 1º de março.

Para ele, mesmo com a desaceleração do IPCA-15 em 12 meses, ainda não é possível dizer que o comportamento dos preços ao consumidor é confortável para o BC.

Nos Estados Unidos, a situação parece ainda mais delicada. O índice de preços ao consumidor (PCE, na sigla em inglês) avançou 0,6% em janeiro ante dezembro, maior alta desde junho.

Em 12 meses, a inflação ao consumidor americano subiu 5,4%, ante 5,3% em dezembro. Quando se olha o núcleo do indicador, que retira gastos com alimento e energia, o aumento em 12 meses até janeiro foi de 4,7%.

Para economistas ouvidos pela Bloomberg, se a inflação nos Estados Unidos não der sinais de desaceleração, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) terá que aumentar os juros para além do patamar esperado pela maioria dos agentes de mercado, no intervalo entre 5% e 5,25%.

Alguns analistas já começam a traçar um cenário em que o Fed possa levar a taxa básica americana para perto dos 6%, já que a atividade econômica e a inflação continuam em patamares acima do que era esperado pelo mercado nesta altura.

Em Nova York, os índices de ações apresentam quedas expressivas. Às 13h05 (horário de Brasília), o Dow Jones tinha baixa de 1,39%. O S&P 500 caía 1,63%. E o Nasdaq apresentava recuo de 2,18%.


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