SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa fechou fevereiro com queda acumulada de 7,5%, em um mês que começou com ruídos entre o governo e o Banco Central, e terminou com a sinalização de mudanças na política de dividendos da Petrobras. O dólar fechou em alta nesta terça-feira (28), e encerrou o mês com avanço de quase 3% ante o real.
Nesta terça, o Ibovespa encerrou o pregão em queda de 0,74%, a 104.931 pontos. É o segundo pior patamar de fechamento do ano, ficando atrás somente do dia 3 de janeiro, quando fechou em 104.165 pontos.
O dólar fechou em alta de 0,36% nesta terça, a R$ 5,224, cotação mais alta desde o dia 10 de janeiro. Em fevereiro, a moeda americana se valorizou 2,9% ante o real.
Os juros futuros tiveram alta. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 saíram de 13,34% do fechamento desta segunda-feira (27) para 13,37% ao ano nesta terça. Para janeiro de 2025, a taxa avançou de 12,59% para 12,68%. Para janeiro de 2027, os juros passaram de 12,81% para 12,97%.
As ações da Petrobras consolidaram uma trajetória de queda depois do anúncio de corte de 3,9% no preço da gasolina em suas refinarias. A medida ajuda a compensar o retorno dos impostos federais sobre o combustível.
Segundo a estatal, a gasolina em suas refinarias passará a custar R$ 3,18 por litro a partir desta quarta (1º), quando os impostos federais voltam a ser cobrados. O valor é R$ 0,13 por litro inferior ao vigente atualmente.
A equipe de análise da Ativa Investimentos lembra que, segundo dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço do litro da gasolina no Brasil está 7% acima da média internacional.
"Isso poderia significar uma redução de R$ 0,21 no preço praticado na bomba. Contudo, destacamos que a cadeia subtrai parte da potencial redução, chegando algo ao redor de R$ 0,16 para o consumidor final", diz a Ativa.
Outra notícia piorou ainda mais o desempenho dos papéis da estatal. Segundo o portal G1, o governo não vai mais seguir a política de dividendos da Petrobras estabelecida durante o governo Bolsonaro.
Na gestão anterior, a Petrobras chegou a distribuir quase a totalidade dos seus lucros aos acionistas, inclusive a União. Agora, segundo informa o G1, a ideia é seguir as regras de mercado, e direcionar parte dos ganhos para investimentos, principalmente em transição energética, e para cumprimento da função social da empresa.
As ações ordinárias da Petrobras fecharam em queda de 4,38%, e as preferenciais recuaram 3,47%.
Para Rodrigo Mello, gestor de renda variável da Tenax Capital, a questão dos dividendos é um ponto de atenção maior que a política de preços da Petrobras.
"Para mim, esta alteração nos dividendos estava muito pouco refletida no preço da ação. Precisamos ver como vai ficar essa relação entre políticas de preços e de proventos aos acionistas", afirma Mello.
"Com esta mudança, obviamente a ação perde atratividade", afirma Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital. Para ele, a redução nos preços também preocupa, já que parece ser uma compensação pela volta da cobrança de impostos sobre os combustíveis.
No final da tarde, o governo definiu como ficarão os tributos sobre os combustíveis. A alíquota de PIS/Cofins vai subir a R$ 0,47 por litro da gasolina e R$ 0,02 por litro do etanol ?patamares inferiores aos cobrados antes da desoneração (até R$ 0,69 e R$ 0,24, respectivamente). O diferencial entre os dois combustíveis foi mantido.
Os tributos sobre diesel, biodiesel e gás de cozinha permanecem zerados até o fim deste ano, como já havia sido previsto em MP (medida provisória) assinada por Lula em 1º de janeiro.
Ainda entre as ações, o destaque negativo ficou com a ação ordinária do GPA, com recuo de 7,16%. A empresa divulgou seus números do quarto trimestre de 2022 na noite desta segunda-feira, com prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, afirma que o resultado ficou muito abaixo do esperado pelo mercado. "O prejuízo foi provocado pela maior pressão da inflação sobre as margens e despesas não recorrentes", explica.
Na manhã desta terça-feira, saíram dados importantes sobre as contas públicas brasileiras. A dívida bruta do país como proporção do PIB fechou janeiro em 73,1%, o menor nível desde junho de 2017, quando atingiu 72,7%. Em dezembro, a dívida ficou em 73,4% do PIB.
O setor público consolidado registrou um superávit primário de R$ 99,013 bilhões no primeiro mês do ano, em linha com expectativa de economistas consultados em pesquisa da Reuters.
No entanto, o valor foi inferior ao superávit de R$ 101,8 bilhões do mesmo mês no ano passado.
Em um cenário de reabertura da economia, a taxa de desemprego do Brasil caiu para 9,3% na média anual de 2022, informou nesta terça-feira (28) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É o menor nível desde 2015 (8,6%), quando a economia brasileira mergulhava em recessão. Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
Para o dólar, pesou nesta sexta-feira a tendência global, algo que explica a valorização da moeda americana durante todo o mês de fevereiro.
Nesta sexta, a cautela foi provocada principalmente por dados de inflação na Europa. França e Espanha anunciaram altas nos preços em fevereiro acima do que o mercado esperava.
Às 18h30, o DXY, índice que mede o desempenho do dólar frente a outras moedas globais relevantes, subia 0,27%.
Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, cita que por ser o último dia do mês, o câmbio tem a influência da formação da taxa Ptax, calculada pelo Banco Central e considerada como oficial para operações de exportação, por exemplo. "É um componente técnico importante no mercado de câmbio", explica.
Nos Estados Unidos, os índices de ações fecharam em queda. O Dow Jones recuou 0,71%. O S&P 500 registrou queda de 0,30%. O Nasdaq terminou o dia em baixa de 0,10%.
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