RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos no mundo em 2022, segundo levantamento feito pela gestora de recursos Janus Henderson, com a distribuição de US$ 21,7 bilhões (R$ 112,4 bilhões, pelo câmbio atual) a seus acionistas.

Os elevados dividendos da estatal refletem mudança na política de remuneração aos acionistas em 2019, impulsionada pela escalada dos preços do petróleo após o período mais crítico da pandemia. Foram alvos de críticas tanto do governo Jair Bolsonaro quanto da oposição e estão na mira de Lula.

Em seu relatório semestral sobre remuneração aos acionistas, a Janus Henderson destaca que, em dólares, o volume de dividendos pago pela Petrobras cresceu 138% em relação ao ano anterior, "de longe a maior alta de dividendos no mundo".

Com a elevação dos pagamentos da Petrobras, o Brasil contribuiu com 30% da alta no volume de dividendos distribuídos por empresas sediadas em mercados emergentes. O ano de 2022 registrou recorde no pagamento global de dividendos, com US$ 1,56 trilhões (R$ 8,1 trilhões).

É um aumento de 8,4% em relação ao verificado em 2021, puxado pelos lucros recordes das empresas de petróleo e pelos pagamentos feitos pelo setor financeiro. Somados, os dois respondem por metade do aumento no volume.

No primeiro semestre de 2022, a Petrobras figurava no topo da lista das melhores pagadoras, mas perdeu o posto para a mineradora BHP, beneficiada pela alta no preço do carvão após as sanções às exportações de petróleo da Rússia.

Nos últimos anos, com a elevação dos dividendos, a estatal brasileira passou a ser considerada uma "vaca leiteira", como são denominadas empresas que remuneram bem os acionistas, fruto de uma política de redução de investimentos, venda de ativos e foco no pré-sal estabelecida no início do governo Bolsonaro.

A situação, porém, deve mudar, já que o governo petista pretende reverter essa estratégia, ampliando investimentos, retomando operações em segmentos abandonados pela empresa e suspendendo vendas de ativos.

Nesta terça-feira, o governo anunciou ainda um imposto sobre exportações de petróleo, como compensação para alíquotas menores sobre gasolina e etanol. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificou a decisão dizendo que o lucro das petroleiras é "exorbitante".

A possibilidade de perda de dividendos já foi precificada pelo mercado, que derrubou o valor das ações da companhia após a eleição de Lula.


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