SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A indicação do nome de João Fukunaga para assumir a presidência da Previ, fundo de pensão do BB (Banco do Brasil) e o maior do país, é alvo de críticas nas redes sociais e entre aposentados do banco, que apontam falta de experiência na área. Já sindicatos de bancários elogiaram a escolha.

Fukunaga foi indicado na última sexta-feira (24) pelo BB para assumir a presidência da Previ em substituição a Daniel Stieler, que estava no cargo desde junho de 2021 e se aposentou. Na segunda (27), Fukunaga recebeu da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), órgão regulador do setor, o atestado de habilitação de dirigente, e tomou posse do cargo na terça-feira (28).

Fukunaga é funcionário do Banco do Brasil desde 2008, onde começou como escriturário, tendo ingressado na diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região em 2012.

No sindicato, atuou como coordenador nacional da Comissão de Negociação dos Funcionários do BB. Ele é formado em História e tem mestrado em História Social pela PUC-SP, iniciou a carreira como professor do Ensino Médio e também atuou como pesquisador.

O tempo relativamente baixo de casa e a falta de formação na área financeira motivaram críticas à indicação ao posto de presidente da Previ, fundo de pensão com cerca de R$ 250 bilhões em recursos previdenciários destinados à aposentadoria dos funcionários do banco.

Em gestões anteriores, o fundo de pensão fez investimentos que se mostraram desastrosos, como um aporte de cerca de R$ 180 milhões na Sete Brasil, empresa criada em 2010 para fornecer sondas de perfuração para exploração do pré-sal pela Petrobras.

Presidente da Anabb (Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil), Augusto Carvalho diz que recebeu ligações e manifestações de segurados da Previ que criticaram a escolha de Fukunaga para comandar o maior fundo de pensão do país.

Nas redes sociais, publicações também fizeram duras críticas ao nome do novo presidente da Previ.

"O indicado, salvo as conexões políticas, não detém experiência nem conhecimento técnico para a função", diz publicação no LinkedIn de Nélio Lima, que atuou como diretor no BB e na Previ. Na postagem, ele afirma ainda não ter dúvidas de que, "diante das necessidades de recursos pelo governo federal para várias atividades, em especial infraestrutura", os fundos de pensão sejam induzidos a investir em projetos na área.

Carvalho, porém, defende a escolha de Fukunaga. O presidente da Anabb pondera que o novo presidente da Previ passou pelo crivo da Previc, órgão competente responsável por validar as nomeações dos dirigentes antes de assumirem cargos de direção nos fundos de pensão.

Entre os critérios exigidos para aprovar a nomeação impostos pela regulação, estão possuir experiência profissional de, no mínimo, três anos no exercício de atividades nas áreas financeira, administrativa, contábil, jurídica, de fiscalização, de atuária, de previdência ou de auditoria; não ter sofrido condenação criminal transitada em julgado; e ter reputação ilibada.

"A Previc chancelou o nome dele, não viu nenhuma insuficiência nos requisitos que ela exige, e não temos conhecimento de nenhuma decisão de atos desabonadores que tenha sido tomada por ele", diz Carvalho.

O presidente da Anabb acrescenta que já passaram pelo quadro de fundos de pensão nomes com extensa experiência no mercado financeiro, o que não impediu, contudo, que investimentos que trouxeram resultados negativos aos segurados fossem realizados.

"Nossa preocupação, do ponto de vista estrutural, é que o João faça uma boa gestão. Se não tem uma grande experiência na área, nossa aposta é de que terá uma equipe qualificada que o assessore para que venha tomar as decisões mais corretas e íntegras."

"A habilitação prévia reforça as práticas da boa governança corporativa e promove uma gestão técnica, voltada para o cumprimento da missão da Previ, de pagar benefícios a todos nós, associados, de forma eficiente, segura e sustentável", diz a Previ em nota publicada em seu site.

Procurada, a fundação informou que o dirigente ainda não poderia comentar.

Segundo fontes, Fukunaga foi bem recepcionado em seu primeiro dia à frente da Previ. Elas lembraram também que outros nomes de dirigentes que assumiram cargos em fundos de pensão no passado e que foram questionados conseguiram se destacar.

Os sindicatos também saíram em defesa do novo presidente da Previ.

"João tem uma história de luta no movimento sindical, em defesa dos trabalhadores. Conduz com liderança e equilíbrio os conflitos, sempre atento aos avanços nos direitos dos bancários", afirmou Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, em nota publicada no site do sindicato.

"João Fukunaga tem uma trajetória de luta em defesa dos funcionários do Banco do Brasil e agora vai presidir um fundo de pensão que foi construído pelos trabalhadores", afirmou Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN (Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte) e conselheiro consultivo do Plano Previ Futuro.


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