SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O setor do turismo reagiu à decisão do governo Lula de retomar a exigência de visto de viajantes vindos dos Estados Unidos, da Austrália, do Canadá e do Japão. A medida, nas palavras da CNTur (Confederação Nacional de Turismo), deve gerar efeitos terríveis. Para a FecomercioSP, o assunto requer análise mais profunda.
A dispensa do visto foi adotada por Jair Bolsonaro em março de 2019, às vésperas de uma visita feita pelo ex-presidente a seu aliado Donald Trump.
Na avaliação da CNTur, em vez de reverter a medida de Bolsonaro, Lula deveria manter a isenção e negociar a reciprocidade para liberar os brasileiros de visto nos quatro países. A entidade afirma que vê potencial de impactos econômicos na mudança e afirma que a pandemia atrapalhou o mercado de viagens, impedindo a atração de turistas nos últimos anos.
"Já que o novo governo está pregando mais diálogo, respeito e união, então, vamos melhorar. Se foi uma decisão do governo passado, vamos aprimorar e tentar buscar a reciprocidade na liberação do visto em vez de voltar a exigi-lo", afirma Fábio Aguayo, presidente da Feturismo e diretor da CNTur, entidades do setor turístico.
"É melhor que os viajantes gastem nos nossos hotéis, bares e lojas do que na burocracia do visto", afirma o empresário.
Segundo a FecomercioSP, a retirada do visto no Brasil prejudica a competitividade em relação a outros países da América do Sul, como Chile, Colômbia, Peru e Argentina que não exigem visto dos cidadãos norte-americanos.
Mariana Aldrigui, presidente do conselho de turismo da FecomercioSP, diz que uma família de quatro pessoas dos Estados Unidos gastaria, em média, US$ 600 (em torno de R$ 3.108) para tirar o visto. Para ela, esse dinheiro poderia ser gasto em um ou dois dias de viagens no Brasil.
"O país deixa de ser competitivo no cenário internacional em que mais países estão apostando na retomada do turismo. A gente fica um pouco mais caro, um pouco mais distante. É contornável, há soluções, mas como representantes do setor de turismo a gente fica muito desapontado", diz a executiva da FecomercioSP.
A entidade diz que a medida também é contrária às políticas anunciadas por Lula pela recuperação da imagem do Brasil no exterior e de fomento dos aportes financeiros para a ampliação da estrutura turística no país.
Para a tomada de decisão, o governo comparou o ano de 2019, no qual a exigência de visto foi retirada, com o ano anterior e com 2022. No caso dos Estados Unidos, o aumento do número de turistas de 2018 para 2019 foi de 12%, saindo de 391 mil para 439 mil. Em 2022, vieram 355 mil americanos, abaixo do nível pré-pandemia. No Japão, houve um decréscimo de 4% entre 2018 e 2019, de 59 mil para 56 mil. Em 2022, foram 16,8 mil turistas.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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