SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A vencedora do leilão do trecho norte do Rodoanel em São Paulo tem experiência com empresas em dificuldades financeiras.
A especialidade da Starboard, gestora do Via Appia FIP (sigla para Fundo de Investimento em Participações) Infraestrutura, é o que a companhia chama de "situações especiais" ou negócios que precisam de fôlego financeiro para se recuperarem.
A PPP (Parceria Público-Privada) do fundo com o governo de São Paulo será o primeiro negócio da Starboard em rodovias. O trecho arrematado nesta terça-feira (14) começou a ser construído há dez anos. As obras estão paradas há cinco anos.
Quem bateu o martelo que simboliza a conclusão do leilão junto do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) foram dois executivos da Starboard, Marcus Bitencourt, diretor da Starboard Asset, e Brendon Ramos, que responde pela área de private equity e situações especiais da Starboard Restructuring (o braço de reestruturações da empresa de mesmo nome).
O fundo que ganhou o leilão foi constituído no último dia de fevereiro deste ano, segundo dados da Receita Federal e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A administração dele será feita pela corretora Singulare.
A Starboard assume o trecho norte do Rodoanel de olho em outras partes do complexo viário.
Os trechos leste e sul são atualmente operados pela concessionária SPMar, em recuperação judicial (o pedido foi apresentado em 2017 e o plano começou a ser executado em 2019). Juntos, os segmentos leste e sul respondem por 76% do Rodoanel.
A parte leste se conecta com o trecho norte, leiloado nesta terça. Bitencourt, da Starboard, disse que a concessionária quer ter uma "boa interação" com a vizinha de operação e não descartou a possibilidade de investir na SPMar. "Tudo depende do preço."
A Starboard foi criada em 2017 por executivos que trabalhavam com reestruturação de empresas na Brasil Plural. Em 2018, o fundo assumiu o controle da Máquina de Vendas, dona da Ricardo Eletro, uma das maiores varejistas de eletrodomésticos do país à época.
Para a Folha, em 2022, Bitencourt disse que o investimento na companhia começou a dar resultados, mas que a melhora foi interrompida pelo impacto da pandemia. Em agosto de 2020, a gestora deixou o negócio, pouco antes do pedido de recuperação judicial da Máquina de Vendas. No ano passado, a dona da Ricardo Eletro chegou a ter falência decretada e depois suspensa por decisão judicial.
A gestora do fundo que assumirá o trecho norte do Rodoanel também já atuou em outra rodovia paulista. Na transferência do controle da Rodovias do Tietê aos seus mais de 15 mil credores, em 2021, a Starboard assessorou, ao lado do Felsberg Advogados, os debenturistas da concessionária.
A Starboard trabalhou ainda na reestruturação da Gemini Energy, vendida para a Energisa em 2022.
Outro caso de reestruturação bem sucedida comandada pela Starboard foi o da 3R Petroleum, que incluiu a compra da Ouro Preto Óleo e Gás, petroleira fundada por Rodolfo Landim, presidente do Flamengo. A 3R abriu capital em novembro de 2020.
Segundo o formulário de referência da Starboard Asset na CVM, a empresa tinha, em 2021, R$ 4,495 bilhões sob gestão.
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