SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa consolidou tendência de alta e o dólar cai no início da tarde desta quinta-feira (16), seguindo a tendência vista nos mercados americano e europeu. A ajuda ao Credit Suisse, anunciada na noite de quarta-feira (15), e a movimentação de grandes bancos americanos para auxiliar o First Republic Bank serviram para acalmar o mercado.

Perto das 13h00 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 0,60%, a 103.295 pontos. O dólar comercial à vista caía 0,24%, a 5,281.

No mercado de juros, a tendência é de alta, com os investidores reagindo ao BCE. Se esperava que as autoridades monetárias de Estados Unidos e Europa pudessem aliviar a tendência de aperto da política monetária com a crise bancária, mas isso não se confirmou.

Nos contratos com vencimento para janeiro de 2024, a taxa avança dos 12,96% ao ano no fechamento desta quarta-feira para 13,03%. Para janeiro de 2025, os juros sobem de 12,07% para 12,17%. No vencimento de janeiro de 2027, a taxa está mais próxima da estabilidade, passando de 12,52% para 12,54%.

A ação do Credit Suisse, negociada na Bolsa de Zurique, chegou a subir mais de 40% no começo do dia. Mas a cautela dos investidores faz com que esse ritmo diminua, e por volta das 13h00 (horário de Brasília), a alta era de quase 20%.

O banco anunciou nesta quarta que irá tomar emprestado cerca de US$ 54 bilhões (50 bilhões de francos suíços, ou R$ 284 bilhões) do Swiss National Bank (SNB, o banco central da Suíça), em uma medida que chamou de "ação decisiva" para fortalecer sua liquidez.

Nos Estados Unidos, a ajuda para um banco de médio porte em dificuldade vem do próprio setor. Segundo informações do The Wall Street Journal, o JPMorgan e o Morgan Stanley, além de outros grandes bancos, estariam dispostos a promover uma importante injeção de capital para salvar o First Republic Bank. A ação do banco recuava 23% perto das 13h00 (horário de Brasília), depois de cair mais de 20% nesta quarta-feira (15).

Este movimento de salvação dos bancos no exterior reflete nos principais índices de ações globais. Em Nova York, o Dow Jones subia 0,62%. O S&P 500 avançava 1,04%, e o Nasdaq operava em alta de 1,94%.

Na Europa, o índice Euro Stoxx 600 tinha avanço de 1,16%. O FTSE 100, em Londres, registrava alta de 0,90%. Em Paris, o índice CAC 40 subia 2,10%, e em Frankfurt, na Alemanha, o DAX avançava 1,50%.

Na Europa, uma notícia que ajudou a acalmar os mercados foi a decisão do BCE de aumentar em 0,5 ponto percentual a taxa de juros na Zona do Euro.

"Um nível de juros moderadamente mais alto é positivo para as ações na Europa, já que os preços não estão tão caros quanto nos Estados Unidos", afirma Lilia Peytavin, estrategista de ações na Europa do Goldman Sachs, em entrevista à agência Bloomberg.

Segundo análise também para a Bloomberg de Guillermo Hernandez Sampere, chefe de operações da MMPH, seria difícil para o BCE mudar a rota dos juros sem perder credibilidade.

No Brasil, continua a expectativa pela divulgação do novo arcabouço fiscal. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com quem teve um jantar nesta quarta-feira sobre o arcabouço fiscal e a reforma tributária. "O ministro conta com a simpatia dos líderes da Câmara, com a boa vontade em ouvi-lo e prestigiá-lo", disse.

O objetivo do ministro é que a proposta para as novas regras fiscais se tornem públicas antes da próxima reunião do BC (Banco Central) sobre juros, que termina na próxima quarta-feira (22).

"A pressa de Haddad em divulgar o arcabouço antes da reunião do Copom expressa, além da intenção em influenciar o colegiado para antecipar o ciclo de corte de juros, uma aparente disputa subjacente com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa", afirma a Levante Investimentos, em relatório.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já sinalizou que vai divulgar o novo arcabouço fiscal antes de sua viagem para a China, marcada para o dia 24.


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