SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A decisão de baixar os juros do consignado do INSS, que levou os bancos a suspenderem os empréstimos na modalidade e gerou discordância dentro do governo, também não teve consenso entre os representantes dos aposentados.

Aprovada na segunda-feira (13) pelo CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social), a redução no teto da taxa poderia ter continuado em debate até que se chegasse a um patamar mais aceitável para os bancos, na opinião de Tonia Galleti, uma das representantes dos pensionistas e aposentados dentro do conselho. A queda foi de 2,40% ao mês para 1,70%.

"Essa reação dos bancos já era esperada. Eles haviam demonstrado antes, desde o momento em que o ministro estava sinalizando que queria reduzir os juros. Na mesma reunião do conselho, eles abriram as contas, demonstraram que não havia condições de trabalhar com um juro tão baixo e que a conta não fechava", afirma Galleti, representante do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical, que participa da composição do CNPS.

Nesta quinta (16), uma onda de bancos como Itaú, Bradesco, Caixa e Banco do Brasil suspendeu as operações da modalidade para os aposentados. Com a redução para 1,70% no teto do empréstimo, a avaliação entre executivos do setor é que a margem do produto tende a ficar negativa e, sem cobrir os custos, a linha se torna economicamente inviável, contrariando os critérios do Banco Central.

Galetti diz que pediu a criação de um grupo de trabalho para discutir melhor o tema e encontrar um número mais consensual de modo que se reduzissem os juros sem inviabilizar o produto.

"Infelizmente não fui ouvida, e colocaram em votação. E é claro que a gente tem que votar a favor, porque é positivo baixar os juros. Mas eu não esperava outra reação. Infelizmente, é exatamente o que eu esperava que iria acontecer", diz ela.

Para Galleti, havia chance de evolução no diálogo caso se formasse o grupo de trabalho em torno do tema. Ela afirma que os bancos teriam disposição de baixar o patamar para 2,04%, enquanto os aposentados poderiam conversar em torno de 1,90% ou 1,95%.

Ela diz que ainda vê chances de revisão na medida, mas o caso deixa uma má impressão de indecisão.

"Houve uma obstacularização do diálogo que permitiria uma composição mais justa e adequada. Então, a gente teve esse resultado, que é bom, mas não é. Que legal que baixou, mas que ruim, porque não tem mais o produto. O ponto ótimo deixou de existir, 100% de nada é nada", diz Galleti.


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