RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A nova regra fiscal a ser apresentada pelo governo deve combinar a curva da dívida pública, superávit primário e um mecanismo de controle de gastos, disse nesta segunda-feira (20) o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Segundo ele, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não deu a palavra final sobre a proposta.

Alckmin não detalhou o funcionamento da nova âncora, que vai substituir o teto de gastos (mecanismo que limita o crescimento das despesas à variação da inflação), nem seus parâmetros, mas avaliou que, no geral, a regra foi "bem concebida".

Ele evitou citar eventuais ajustes solicitados pelo petista. "O presidente Lula ainda não deu a palavra final, mas ela foi bem concebida, uma boa engenharia", disse o vice-presidente, após participar de seminário promovido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para debater desenvolvimento sustentável e experiências internacionais em áreas como política fiscal.

Segundo ele, o objetivo da regra é manter a trajetória da dívida pública sob controle e permitir a realização de investimentos públicos.

"O governo inteiro tem discutido de maneira muito harmônica, dentro do princípio de ter uma ancoragem fiscal que controle o crescimento da dívida e, de outro lado, que permita o investimento necessário ao crescimento", afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de os investimentos ficarem fora do alcance de mecanismos de controle de gastos, o vice-presidente evitou comentar. "Deixa que no momento certo o presidente vai anunciar a nova âncora fiscal", afirmou.

Alckmin citou princípios gerais da regra durante seu discurso na abertura do seminário. "O governo encaminha nos próximos dias o projeto de ancoragem fiscal, que vai também de forma inteligente combinando curva da dívida, de outro lado o superávit e de outro lado o controle do gasto", afirmou.

Os detalhes foram discutidos internamente pelo governo em reunião realizada na sexta-feira (17).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), vem tratando do assunto com bastante reserva. Na pasta, apenas alguns de seus secretários participam das discussões.

Na sexta, o encontro no Palácio do Planalto teve participação restrita: Haddad apresentou o texto a Lula, Alckmin e aos ministros Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos).

Como mostrou a Folha, Lula pediu ao ministro da Fazenda que amplie as conversas com o mundo político e com economistas, além de fazer novos cálculos sobre a proposta de nova regra, que vai substituir o teto de gastos.

Nesta segunda, Haddad deve ter uma série de reuniões para discutir a nova regra com lideranças no Congresso.

Em meio à expectativa pelos detalhes da proposta, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, publicou mensagem nas redes sociais no sábado (18) na qual defende ser necessário aumentar os investimentos públicos, o que significa que a proposta de novo marco fiscal deveria ser flexível em relação a certos gastos.

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Marcelo Camargo/Agência Brasil - O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, toma posse como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no Palácio do Planalto.

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