SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A inflação dos aposentados ficou abaixo do índice oficial de preços ao consumidor em fevereiro, mas continua acima do indicador geral no acumulado em 12 meses.

Em fevereiro, o IPCA Aposentados ?calculado pelo Instituto de Longevidade MAG? apresentou alta de 0,68% em relação ao mês anterior. O índice tem como base a mesma variação dos itens que compõem o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE, que mostrou alta de 0,84% no mês passado.

A diferença é que é feita uma ponderação no peso de cada produto e serviço com base na cesta de consumo para domicílios com ao menos uma pessoa que recebe aposentadoria ou pensão ?do INSS, do serviço público ou de previdência complementar, considerando dados da pesquisa de orçamento familiar do IBGE.

Em fevereiro, o grupo de preços que mais subiu foi a educação, com alta de 6,28%, maior taxa desde fevereiro de 2004. Esse é um item que pesa menos na cesta das famílias incluídas no IPCA Aposentados. Por isso, a inflação desse grupo de pessoas foi menor.

Nos últimos 12 meses, no entanto, a inflação dos aposentados acumula alta de 6,1%, acima dos 5,6% do IPCA. A diferença é explicada, principalmente, pelo impacto do aumento dos preços dos alimentos e dos gastos relacionados a moradia.

O consumo das famílias com aposentados se concentra relativamente mais em itens como saúde e alimentação. O gasto com transportes, educação e habitação é proporcionalmente menor.

Desde julho, a inflação tem afetado mais essas famílias. O dado fechado de 2022 mostrou, por exemplo, que a inflação dos aposentados ficou em 6,4%, superando o reajuste de 5,93% dado aos beneficiários do INSS que ganham valores acima do salário mínimo.

Aposentados que ganham salário mínimo tiveram reajuste de 7,43%, o que garantiu aumento real. O governo deve promover um novo reajuste do mínimo neste ano, de R$ 1.302 a R$ 1.320, a partir de 1º de maio.

Os aposentados representam uma parcela cada vez mais relevante na economia brasileira, mas não havia um indicador de preços especificamente voltado para essa população, segundo o economista Arnaldo Lima, diretor do Instituto de Longevidade MAG, ex-secretário do Ministério da Fazenda e ex-diretor da Funpresp (fundo de pensão dos servidores federais).

Ele também elaborou um indicador de inflação para famílias chefiadas por pessoas com 50 anos ou mais. O IPCA 50+ ou "inflação dos longevos" teve alta de 0,72% em fevereiro, também abaixo do IPCA geral. Nesse caso, a contribuição para a diferença foi espalhada em vários itens, entre eles, educação e alimentação.

Em 12 meses, o IPCA 50+ está em 6,2%, também acima do número do IBGE.

Enquanto a população brasileira com menos de 50 anos aumentou 1% nos últimos dez anos, a parcela com 50 ou mais cresceu 35%, segundo Lima. Ele diz que esse público está mais ativo no mercado de trabalho e que os familiares são muito dependentes financeiramente desses chefes de família. Isso vai exigir mais poupança e a utilização de um índice de inflação mais aderente para fins de planejamento previdenciário.

Outras instituições também possuem índices específicos para o público de maior idade, mas com alcance e metodologia diferentes. O IPC-3i, da FGV (Fundação Getulio Vargas), se baseia em índices de preços da própria instituição e considera famílias com ao menos metade dos componentes com idade igual ou superior a 60 anos. A Fipe faz para o município de São Paulo cálculo também focado na população nessa faixa etária.


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