BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Integrantes do governo esperam que, durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a China autorize mais frigoríficos brasileiros a exportarem para o país.

Desde 2019, o gigante asiático não concede novas certificações para que empresas brasileiras possam exportar carnes bovinas, suínas e de frango.

Portanto, segundo membros do governo Lula, esse será o principal tema a ser destravado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, cujos representantes, incluindo o titular da pasta, Carlos Fávaro (PSD-MT), embarcaram para a China nesta segunda-feira (20).

A negociação já foi iniciada. Antes mesmo de a comitiva ir à China, o governo do principal parceiro comercial do Brasil pediu uma lista com os frigoríficos que, segundo o ministério, cumpririam os requisitos para ganhar a autorização de exportador. Hoje, são cerca de cem empresas com essa permissão.

O governo brasileiro ainda não tem uma estimativa de quantos frigoríficos podem receber o aval de exportador. No entanto, tem recebido sinalizações de que, durante a visita de Lula, a China voltará a conceder esse tipo de licença.

Além do mandatário e membros do governo, a comitiva para a China terá 102 empresários convidados pelo Ministério da Agricultura -a maioria (64) é do setor de carnes.

Parte do grupo também embarcou nesta segunda (20), em voos com horários próximos. Os custos de viagem e hospedagem serão pagos pelos empresários, segundo o Ministério da Agricultura.

Há na lista representantes de empresas que já exportam para a China, como integrantes da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), além de Joesley e Wesley Batista, executivos da J&F, controladora da JBS.

Nesses casos, o papel do governo, de acordo com assessores, é o de facilitar encontros e negócios que os executivos vão ter com chineses.

Lula tem embarque previsto para a sexta (24) rumo ao país asiático. Na terça (28), o presidente terá uma série de reuniões políticas bilaterais com os chineses. No dia seguinte, haverá agenda com a participação dos cerca de 200 empresários que vão ao país e Lula. O presidente retornará ao Brasil na quinta (30).

No fim de fevereiro, o governo suspendeu temporariamente as exportações de carne bovina para a China após a confirmação de um caso de mal da vaca louca em um animal em Marabá (PA).

A suspensão ocorre por um protocolo de 2015 assinado pelos dois países que estabelece um autoembargo nas vendas à China quando uma nova ocorrência de vaca louca -encefalopatia espogiforme bovina- é identificada no Brasil.

Integrantes do governo brasileiro afirmam que forneceram todas as informações relevantes sobre o caso à China. Mas a retomada das exportações ainda depende de decisão do parceiro asiático.

Uma análise de técnicos do Ministério da Agricultura concluiu, no início de março, que o caso de Marabá foi "atípico -ocorrido por causas naturais em um único animal de 9 anos de idade e com todas as providências sanitárias adotadas prontamente.

Técnicos do Ministério da Agricultura esperam que as exportações de carne bovina para a China sejam retomadas em breve. Porém, ainda não se sabe se isso poderá ocorrer durante ou imediatamente após a viagem da comitiva brasileira.

O Brasil produziu 26 milhões de toneladas de carnes bovina, suína e de frango no ano passado, 4% a mais do que em 2021.

A participação do mercado externo na produção brasileira vem aumentando. No ano passado, 28% das carnes "in natura" foram para o mercado externo, acima dos 27% de 2021.

Os dados de produção são do peso das carcaças obtidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); os de exportação, da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).


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