SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A ação do First Republic Bank voltou a apresentar fortes quedas nesta segunda-feira (20), repetindo a tendência vista em quase todo o mês de março. O mercado avalia que a ajuda de 11 grandes bancos americanos, anunciada na semana passada, pode não ser suficiente para salvar a instituição regional.

Nesta segunda, a ação do First Republic negociada em Nova York caiu 47%. Assim, o papel acumula perdas de 90% em março. Ao final de fevereiro, a ação valia US$ 123, e abre este último terço do mês de março valendo pouco mais de US$ 12.

Na semana passada, quando começaram a circular as notícias sobre a ajuda dos grandes bancos, a ação do First Republic ensaiou recuperação, chegando a quase US$ 40.

Mas desde sexta-feira, a percepção de analistas e investidores é de que a situação pode ser mais grave do que parecia inicialmente.

Segundo relatos do jornal The Wall Street Journal, o presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, lidera os esforços para encontrar uma saída mais definitiva. Na semana passada, 11 grandes bancos dos Estados Unidos anunciaram depósitos somados de US$ 30 bilhões para ajudar o Firts Republic, que desde a quebra do SVB (Silicon Valley Bank), sofreu com retiradas por parte de seus clientes que chegam a US$ 70 bilhões.

Segundo o WSJ, a ideia é que os US$ 30 bilhões depositados se tornem, parcial ou totalmente, uma injeção de capital direta no First Republic. O capital daria um fôlego maior ao banco que um simples depósito, por dar maior confiança aos investidores, e por viabilizar novas operações financeiras.

Outras alternativas estudadas, segundo o jornal, são a venda do banco ou uma injeção de capital por algum outro investidor.

A discussão sobre o que fazer com o First Republic vem em um momento de crescente desconfiança do mercado sobre a saúde do sistema financeiro americano e europeu. Na Europa, a venda do Credit Suisse ao UBS deu um alívio para os investidores, com as bolsas fechando em alta nesta segunda-feira.

Nos Estados Unidos, as bolsas também subiram, principalmente pela expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) possa suavizar sua política de juros por conta da crise bancária. Mas alguns dados preocupam.

Segundo a agência Bloomberg, a entidade que fornece liquidez para bancos que concedem crédito imobiliário liberou US$ 304 bilhões somente na última semana, quase o dobro da ajuda de US$ 165 bilhões oferecida pelo Fed aos bancos menores do país.

O FHLB (Federal Home Loan Bank) foi criado na década de 1930, durante a Grande Depressão americana, pelo próprio sistema bancário. O órgão compra títulos de bancos que oferecem financiamento para quem quer comprar ou refinanciar um imóvel.

O aumento da compra de dívidas por parte do FHLB mostra que os bancos estão com alta necessidade de recursos. Segundo o estrategista Joseph Abate, do banco Barclays, a carteira de títulos comprados pelo órgão já passa de US$ 1 trilhão, um recorde desde a crise de 2008.

Somente em um dia, na última segunda-feira (13), foram US$ 112 bilhões liberados, segundo a Bloomberg, um dos maiores volumes diários vistos na história do FHLB, dizem fontes.

A agência que regula a atuação do FHLB disse que está revisando todas as operações feitas pelo órgão. A ideia original era que o sistema financiasse pequenos bancos que operam hipotecas. Mas há informações de grandes bancos recorrendo a este recurso, como o Citigroup e o Wells Fargo.

Para Alan Dias Pimentel, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos, está cada vez mais difícil acalmar o mercado em relação ao sistema financeiro global.

"Hoje tivemos, por exemplo, a notícia de que o Fed, junto com outros BCs, vai oferecer liquidez diária aos bancos. Isso tranquiliza no momento, mas traz também preocupações sobre a real situação do sistema financeiro global", afirma Pimentel.


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