SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Às vésperas da decisão sobre o patamar da taxa básica de juros (Selic), o Banco Central se tornou alvo de protestos de movimentos sindicais.

Entidades como CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical e UGT (União Geral dos Trabalhadores) ocuparam nesta terça-feira (21) a calçada em frente ao prédio do BC em São Paulo, na avenida Paulista, com queixas em relação ao nível atual de 13,75% da taxa Selic e aos impactos da política monetária restritiva para o crescimento da economia.

Os manifestantes levaram cartazes em que criticavam a manutenção dos juros pela autoridade monetária e pediam a saída do presidente do BC, Roberto Campos Neto, apontado no ato como "cavalo de Tróia" do ex-presidente Jair Bolsonaro no governo atual --Campos Neto assumiu o cargo em fevereiro de 2019, em um mandato de quatro anos.

Durante os protestos, os presentes atearam fogo em um "cavalo de Tróia" de papelão com fotos de Campos Neto e Jair Bolsonaro. Além disso, sardinhas foram assadas e distribuídas no local.

"A intenção é mostrar que os juros altos engordam os tubarões rentistas, enquanto para o povo só sobra sardinha", declarou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

"Esses caras que estão reunidos nesse conselho monetário [Copom], dizem que são independentes, mas eles foram capturados pelo sistema financeiro", disse o presidente da CUT, Sérgio Nobre, em declaração publicadas no site da central sindical.

No Twitter, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), namorado da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, fez postagens convocando manifestantes para o protesto.

"O BC não pode continuar de costas para o Brasil e o povo brasileiro. Chega de sabotagem. Chega de juros altos! #JurosBaixosJá", publicou o parlamentar.

Apesar dos apelos, a expectativa majoritária no mercado ainda é a de que, na reunião do Copom que começou nesta terça e termina no final da tarde de quarta-feira (22), o BC decida pela manutenção da taxa Selic em 13,75% pelo quinto encontro consecutivo.

No boletim Focus, as projeções dos economistas consultados pela autoridade monetária indicam a taxa Selic em 12,75% em dezembro, com a maioria prevendo o início dos cortes somente a partir do segundo semestre.

Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito diversas críticas ao presidente do BC, cobrando o início imediato do processo de redução da taxa de juros.

Nesta terça, Lula voltou a fazer críticas a Campos Neto e ao BC. O petista afirmou que é uma irresponsabilidade a manutenção dos juros em 13,75% e disse que vai continuar "batendo" e "tentando brigar" para que a Selic possa ser reduzida.

"Eu acho um absurdo a taxa de juros estar a 13,75% no momento em que a gente tem os juros mais altos do mundo, no momento em que não existe uma crise de demanda. Existe excesso de demanda. Nós temos 33 milhões de pessoas passando fome, desemprego crescendo, a massa salarial caindo", afirmou o presidente.

"Então não há nenhuma razão, nenhuma explicação, nenhuma lógica. Só quem concorda com juros altos é o sistema financeiro, que sobrevive e vive disso e ganha muito dinheiro com especulações", acrescentou o petista.

Também nesta terça, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que Lula escolheu os nomes sugeridos por Fernando Haddad (Fazenda) para as vagas de diretores do BC. "O Haddad levou os dois nomes, ele conversou com os dois, aprovou e vai indicar os dois nomes ao Senado assim que retornar [da China]", disse Costa, em entrevista à GloboNews, sobre as duas vagas em aberto na diretoria da autoridade monetária.


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